Ligação explosiva
Astrónomo do Porto revê teoria
Ao observar os jatos de gás de uma estrela binária distante, o astrónomo Paulo Garcia deu de caras com um fenómeno explosivo. É o que acontece quando colidem as estruturas magnéticas de dois sóis. Bem longe no céu, a 378 anos-luz de nós, na constelação do Camaleão, um novo sistema solar está em processo de formação. No seu centro, rodeado por um disco de gás, poeira e outros fragmentos de matéria, encontra-se uma das estrelas mais brilhantes, dentro da sua classe, que se podem observar do hemisfério sul. Conhecido entre os astrónomos como HD 104237, este objeto distingue-se do nosso Sol por uma característica que faz toda a diferença: em vez de uma, estamos perante duas enormes bolas de gás incandescente. Ou seja, trata-se de uma estrela binária.
Uma das pessoas que se sentiram atraídas pelos seus mistérios foi Paulo Garcia, investigador da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). À frente de uma equipe internacional constituída por outros oito cientistas, a sua atenção estava inicialmente dirigida para os jatos de hidrogénio que aquele tipo de astros costuma emitir para o espaço. Contudo, acabaram por encontrar algo bastante diferente e exótico. Depois de recorrerem aos dados de três telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO), localizados numa das montanhas do deserto de Atacama, no Chile, obtiveram sinais de uma grande explosão que estava a ocorrer bem perto da superfície das duas estrelas. Algo nada normal. Ao que tudo indica, “há um gás muito quente que está a explodir nessa área”, resume Paulo Garcia.
Na origem deste boom, e a crer no estudo que os investigadores publicaram em fevereiro, no website da Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, estiveram os campos magnéticos que emanam de cada uma das estrelas. Pelos vistos, estes são bem maiores do que antes se imaginava, de modo que, quando os dois globos estão mais próximos um do outro, “ocorre uma interacão entre os seus campos e vão surgir fenómenos que libertam muita energia”.
Dito por outras palavras, vai “ocorrer uma espécie de faísca”, de enormes proporções, cada vez que se tocam. Foi precisamente uma dessas deflagrações que o investigador do Porto diz ter descoberto. “Estas explosões são fenómenos muito raros”, salienta. “Já foram anteriormente observados em quatro estrelas diferentes, mas nunca com esta intensidade.” Para tornar tudo mais interessante, foi também a primeira vez que se viu algo do género num astro luminoso mais massivo do que o Sol.
Fonte: Super Interessante
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