Cometa Siding Spring passa este fim de semana por Marte

Impressão de artista do Cometa Siding Spring (2013 A1) e Marte. Crédito: NASA
O que não daríamos para ser um astronauta à superfície de Marte esta semana. Os céus do Planeta Vermelho serão agraciados com uma vista inesquecível e espectacular: a passagem extremamente próxima do Cometa C/2013 A1 Siding Spring. Descoberto em 2013, o Siding Spring foi avistado pelo veterano caçador de cometas Robert McNaught a partir do Observatório Siding Spring na Austrália. Todos os anos são descobertos dúzias de cometas, mas este ganhou logo a atenção dos astrónomos quando se verificou que possivelmente podia colidir com Marte em Outubro de 2014.

Mas apesar de observações posteriores terem refinado a órbita do cometa e terem descartado tal impacto, os dados relativos a esta passagem do cometa por Marte ainda são impressionantes: o Siding Spring vai passar a 139.500 km do centro de Marte este Domingo, dia 19 de Outubro às 19:27 (hora de Portugal Continental). Ainda embora tenhamos que colocar pegadas humanas em Marte, uma autêntica frota de sondas espalhas pelo Sistema Solar interior está pronta para estudar o cometa tanto de perto como de longe. A NASA tomou medidas para que as sondas em órbita marciana estejam protegidas dos detritos cometários e ainda existe a possibilidade de estudar em primeira mão a interacção da cauda do cometa com a atmosfera do planeta.
A missão NEOWISE da NASA detectou o Cometa C/2013 A1 Siding Spring no dia 28 de Julho de 2014, a menos de três meses da maior aproximação por Marte de dia 19 de Outubro. O NEOWISE capturou múltiplas imagens do cometa, combinadas aqui para que o cometa seja visto em quatro posições diferentes em relação às estrelas de fundo. A imagem também inclui, perto do canto superior esquerdo, a galáxia NGC 1316. Crédito: NASA/JPL-Caltech

Pensa-se que o núcleo do Cometa Siding Spring tenha 700 metros de diâmetro e que a cabeleira meça 19.300 km em diâmetro. A maior aproximação terá pouco menos de seis vezes a distância entre Marte e Deimos (a sua lua mais exterior) e a cabeleira terá quase 8 graus em tamanho a partir da perspectiva de um marciano - 16 vezes o diâmetro de uma Lua Cheia vista a partir da Terra - viajando pelos céus a uns fascinantes 1,5º por minuto. Se estivéssemos em Marte, seria muito fácil de observar o movimento a olho nu (claro, protegidos com fatos espaciais) após algumas dezenas de segundos de observação! Visto à superfície, a magnitude do cometa poderá chegar aos -5.

Por exemplo, a partir de Acidalia Planitia, a latitudes médias norte na superfície de Marte, o cometa seria um belo objecto situado 48 graus acima do horizonte a Nordeste ao amanhecer, talvez até fosse visível após o nascer-do-Sol. E a vista do cometa? Esse sim, seria um passeio espectacular, à medida que Marte "incha" até 3 graus em diâmetro enquanto se aproxima e se afasta. O cometa propriamente dito tem uma órbita superior a um milhão de anos, para nunca mais visitar o Sistema Solar interior nas nossas vidas. Tal espectáculo nunca foi visto na história registada do planeta Terra.
Amanhecer de dia 19 de Outubro de 2014, em Marte (hora correspondente à maior aproximação do cometa pelo planeta - 19:27, hora portuguesa). Crédito: Miguel Montes, Starry Night Pro Plus 7.1

A passagem mais próxima e confirmada de um grande cometa pelo nosso planeta foi a do Cometa D/1770 L1 Lexell, que passou a mais de 15 vezes a distância entre o Siding Spring e Marte, a 2,2 milhões de quilómetros da Terra no dia 1 de Julho de 1770. Há que realçar que uma passagem cometária ainda mais próxima em 1491 permanece não confirmada. Em tempos mais recentes, o Cometa Hyakutake passou a 15,8 milhões de quilómetros da Terra no dia 25 de Março de 1996, com uma cauda que abrangia metade do céu a partir de um local escuro, e os observadores cometários de longa data podem estar recordados da passagem do Cometa IRAS-Araki-Alcock em 1983, que passou a apenas 4,7 milhões de quilómetros da Terra.

Não nos podemos esquecer do impacto histórico do Cometa Shoemaker-Levy 9 com Júpiter em 1994, que nos relembrou que catástrofes cósmicas podem e de facto ocorrem. A estimativa superior do tamanho do núcleo do Siding Spring corresponde a 70% do tamanho do Fragmento G do Shoemaker-Levy 9, e um impacto de uma destas "bolas de neve sujas" com a Terra ou Marte seria muito mau para nós, humanos, e para os rovers. Felizmente, temos apenas um lugar na primeira fila para o espectáculo deste fim-de-semana e o nosso planeta não é o evento principal. O Cometa A1 Siding SPring será um objecto de magnitude 11,5 e passa a menos de 0,03º de Marte (com magnitude 0,9). Ambos serão visíveis brevemente no nosso céu ao lusco-fusco.
Fonte: Astronomia On-Line - Portugal



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Planeta Mercúrio

Um rejuvenescimento galáctico

Espiral de lado

Lua eclipsa Saturno

Alpha Camelopardalis: Estrela Veloz Cria Uma Onda de Choque

Messier 2

Ou a energia escura não é constante ou uma segunda força desconhecida está em ação...

Foto do James Webb prova que teoria astronômica sobre planetas está errada

Nosso Sistema Solar pode capturar um planeta? Cientistas dizem que sim

Como intensas explosões estelares forjaram os gigantes galácticos do universo