Radar que estudará luas geladas de Júpiter é testado
Será a primeira investigação detalhada desses mundos
promissores para a busca de vida fora da Terra. [Imagem: ESA/ATG; Jupiter:
NASA/ESA/J. Nichols; Ganymede: NASA/JPL; Io: NASA/JPL/University of Arizona;
Callisto e Europa: NASA/JPL/DLR]
Explorador das Luas Geladas de Júpiter
Um radar espacial, projetado para investigar abaixo da
superfície das luas geladas de Júpiter, começou a ser testado na Terra. A sonda espacial Juice - Explorador das Luas Geladas de
Júpiter (Jupiter Icy Moons Explorer) - da Agência Espacial Europeia, tem
lançamento programado para 2022, chegando lá sete anos depois.
A sonda estudará a atmosfera turbulenta de Júpiter e seus
vastos campos magnéticos, mas o grande interesse está voltado para as luas de
tamanho planetário Ganimedes, Europa e Calisto. Acredita-se que todas as três tenham oceanos de água líquida
sob suas crostas geladas. A missão deverá coletar pistas-chave sobre o
potencial desses oceanos para abrigar ambientes habitáveis.
Radar espacial
Uma maneira de determinar a natureza da subsuperfície das
luas é rastrear através do gelo com o radar. Esta será a tarefa do instrumento
que agora está sendo testado, chamado "Radar para Exploração das Luas
Geladas", que será o primeiro capaz de realizar medições diretas do
subsolo de outros mundos.
O radar conta com um mastro de 16 metros de comprimento, que
será desdobrado após o lançamento. Quando chegar às luas de Júpiter, ele
emitirá ondas de rádio para a superfície e analisará o tempo e a intensidade
das suas reflexões, tirando conclusões sobre características enterradas a até 9
km de profundidade. Já os detalhes verticais aparecerão nas imagens se tiverem
pelo menos 50 metros.
O instrumento também ajudará a caracterizar a ampla gama de
variações de composição química, térmica e estrutural do gelo de superfície e
das águas dos oceanos de subsuperfície.
Um objetivo em cada lua
A expectativa é que o radar ajude a confirmar a existência e
apontar a real profundidade dos hipotéticos oceanos abaixo das crostas geladas
das luas. A sonda Juice voará pelas luas de Júpiter a distâncias entre
200 e 1.000 km, devendo orbitar Ganimedes por pelo menos nove meses. Ela também explorará regiões potencialmente ativas da lua
Europa e poderá distinguir onde a composição muda, como a presença de
reservatórios locais de águas superficiais - criovulcanismo - entre as camadas
geladas.
Em Ganimedes, o equipamento deverá ser capaz de encontrar
camadas subterrâneas "defletidas", o que ajudará a determinar sua
história tectônica. A distinção entre o gelo e os materiais não-gelo também
será possível, eventualmente permitindo a detecção de reservatórios
criovulcânicos enterrados.
Em Calisto, o perfil de radar ajudará a compreender a
evolução da estrutura de grandes crateras de impacto que aparecem na
superfície, que tipicamente exibem vários aros e uma cúpula central. Isso
fornecerá pistas sobre a natureza da superfície e do subterrâneo no momento do
impacto.
"Ver o subsolo destas luas com o radar será como olhar
para trás no tempo, ajudando-nos a determinar a evolução geológica desses
mundos enigmáticos," disse Olivier Witasse, membro do projeto. "O
radar é um dos 10 instrumentos na nossa nave espacial que, em conjunto, será o
mais poderoso sensor remoto, geofísico e de carga útil complementar in situ que
já foi enviado para o Sistema Solar externo."
Voo de teste
Para avaliar as características principais da antena e
verificar as simulações computacionais, a ESA realizou um teste usando um
helicóptero. A antena foi montada em uma maquete simplificada da sonda espacial
e pendurada 150 m abaixo do helicóptero, que fez voos entre 50 e 320 m acima do
solo.
Os testes foram realizados com a antena e a matriz solar em
orientações horizontais e verticais em relação à sonda espacial para analisar a
interação entre os componentes da sonda e a antena e para testar as
características dos sinais retornados.
"Todos os testes foram concluídos e forneceram uma
grande quantidade de dados que serão analisados nas próximas semanas para
orientar os próximos passos do desenvolvimento do instrumento e para melhorar a
modelagem das nossas simulações de programas informáticos desenvolvidas no
laboratório," disse Lorenzo Bruzzone, da Universidade de Trento, na
Itália.
Fonte: Inovação Tecnológica
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