Duo de galáxias titânicas capturado em fusão "STARBURST" extrema
Composição do par galáctico ADFS-27. A imagem de fundo
pertence ao Observatório Espacial Herschel. O objeto foi então detetado pelo
telescópio APEX do ESO (imagem do meio). O ALMA (direita) foi capaz de
identificar duas galáxias: ADFS-27N (N de Norte) e ADFS-27S (S de Sul). As
galáxias "starburst" estão a cerca de 12,8 mil milhões de anos-luz da
Terra e destinadas a fundirem-se numa única galáxia massiva. Crédito:
NRAO/AUI/NSF, B. Saxton; ESA Herschel; ESO APEX; ALMA (ESO/NAOJ/NRAO); D.
Riechers
Novas observações com o ALMA
(Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) descobriram o nunca antes visto
encontro próximo entre duas galáxias surpreendentemente brilhantes e
espetacularmente massivas no jovem Universo. Estas galáxias "starburst"
(galáxias de intensa formação estelar) hiperluminosas são extremamente raras
nesta época da história cósmica - perto do momento em que as galáxias começaram
a surgir - e podem representar um dos exemplos mais extremos de formação
estelar violenta já observados.
Os astrónomos capturaram estas
duas galáxias em interação, conhecidas coletivamente como ADFS-27, quando
começaram o processo gradual de fusão numa única galáxia elíptica e massiva. Um
encontro anterior, de "raspão", ajudou a despoletar as suas explosões
surpreendentes de formação estelar. Os astrónomos especulam que esta fusão pode
eventualmente formar o núcleo de um enxame inteiro de galáxias. Os enxames
galácticos estão entre as estruturas mais massivas do Universo.
"Encontrar apenas uma
galáxia 'starburst' hiperluminosa é incrível por si só. Encontrar duas destas
galáxias raras em tão íntima proximidade é verdadeiramente espantoso,"
comenta Dominik Riechers, astrónomo da Universidade de Cornell em Ithaca, no
estado norte-americano de Nova Iorque, autor principal do artigo publicado na
revista The Astrophysical Journal. "Tendo em conta a extrema distância à
Terra e a frenética atividade de formação estelar dentro de cada uma, é
possível que estejamos a testemunhar a fusão galáctica mais intensa conhecida
até ao momento."
O par de galáxias ADFS-27 está
localizado a aproximadamente 12,7 mil milhões de anos-luz da Terra na direção
da constelação de Dourado. A esta distância, os astrónomos vêm o sistema quando
o Universo tinha apenas cerca de mil milhões de anos.
Impressão de artista das duas galáxias que começam o
processo de fusão no Universo jovem.Crédito: NRAO/AUI/NSF
Os astrónomos detetaram este
sistema primeiro com o Observatório Espacial Herschel da ESA. Aparecia como um
único ponto vermelho no seu levantamento do céu do hemisfério sul. Estas
observações iniciais sugeriram que o objeto aparentemente fraco era de facto
extremamente brilhante e extremamente distante. As observações de
acompanhamento com o telescópio APEX (Atacama Pathfinder Experiment) do ESO
confirmaram estas interpretações iniciais e prepararam o caminho para as mais
detalhadas observações com as antenas ALMA.
Com a sua maior resolução e
sensibilidade, o ALMA mediu com precisão a distância ao objeto e revelou que
era na verdade duas galáxias distintas. Segundo os astrónomos, o emparelhamento
de galáxias de outra forma fenomenalmente raras sugere que residem numa região
particularmente densa do Universo naquele período da sua história.
As novas observações ALMA também
indicam que o sistema ADFS-27 possui aproximadamente 50 vezes a quantidade de
gás de formação estelar da Via Láctea. "Muito deste gás será convertido em
novas estrelas muito rapidamente," comenta Riechers. "As nossas
observações atuais indicam que estas duas galáxias realmente produzem estrelas
a um ritmo vertiginoso, cerca de mil vezes mais depressa que a nossa própria
Galáxia."
As galáxias - que apareceriam
como discos planos e em rotação - estão repletas de estrelas azuis extremamente
brilhantes e massivas. No entanto, a maioria desta intensa luz estelar nunca
sai das próprias galáxias; simplesmente têm demasiada poeira interestelar
obscurante. Esta poeira absorve a
resplandecente luz estelar, aquecendo até que brilha intensamente no
infravermelho. À medida que esta luz viaja as vastas distâncias cósmicas até à
Terra, a expansão contínua do Universo desloca a luz, outrora infravermelha,
para comprimentos de onda mais longos no milímetro e submilímetro, tudo graças
ao efeito Doppler.
O ALMA foi especialmente
concebido para detetar e estudar a luz desta natureza, o que permitiu aos
astrónomos resolver a fonte de luz em dois objetos distintos. As observações
também mostram as estruturas básicas das galáxias, revelando características semelhantes
a caudas que foram produzidas durante o seu encontro inicial.
As novas observações também
indicam que as duas galáxias estão separadas por mais ou menos 30.000 anos-luz,
movendo-se a várias centenas de quilómetros por segundo em relação uma à outra.
À medida que continuam a interagir gravitacionalmente, cada galáxia acabará por
abrandar e cair em direção da outra, provavelmente levando a vários outros
encontros íntimos antes de se fundirem numa única galáxia elíptica e massiva.
Os astrónomos esperam que este processo demore algumas centenas de milhões de
anos.
"Devido à sua grande
distância e à 'sujidade' da poeira, estas galáxias permaneceram completamente
não detetadas em comprimentos de onda visíveis," realça Riechers.
"Eventualmente, esperamos combinar os requintados dados ALMA com futuras
observações infravermelhas do Telescópio Espacial James Webb da NASA. Estes
dois telescópios vão formar uma 'equipa de sonho', para que os astrónomos
possam melhor compreender a natureza deste e de outros sistemas extremos e
excecionalmente raros."
Fonte: Astronomia OnLine
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