Esta estrela explodiu, sobreviveu e depois explodiu novamente após 60 anos
Estrelas, assim como seres
humanos, podem ser capazes de “morrer”, mas serem “ressuscitadas”, como se
tivessem recebido respiração boca-a-boca. Uma nova descoberta feita por
cientistas do Observatório de Las Cumbres, na Califórnia (EUA), pode mudar
totalmente a forma como compreendemos as mortes estelares.
Normalmente, quando uma estrela
se torna supernova, é isso: ela explode e está morta, ponto final.
E, no entanto, astrônomos
observaram uma estrela que se tornou supernova e conseguiu sobreviver a esse
evento só para, 60 anos depois, explodir de novo. A supernova, chamada de iPTF14hls, foi
descoberta em 2014 e classificada como do tipo II-P. Tais supernovas são o
resultado do colapso do núcleo de uma estrela maciça com uma estrela de
nêutrons. A matéria ejetada, uma nuvem externa rica em hidrogênio, é ionizada
por uma onda de choque criada pela explosão. Mais tarde, esfria e se recombina.
O problema foi que, vários meses
depois da descoberta, a supernova fez algo que nunca havia sido observado
antes: se iluminou de novo. Em mais de 600 dias de observação, a supernova
diminuiu seu brilho e se iluminou de novo várias vezes – pelo menos cinco vezes
em menos de três anos. Geralmente, as
supernovas alcançam um brilho máximo, se mantém assim por alguns meses, e
depois diminuem de brilho constantemente.
Quando os cientistas reexaminaram
os dados dos arquivos, encontraram algo ainda mais incrível: uma explosão
exatamente na mesma localização em 1954. Esta supernova quebra tudo o que
pensávamos que sabíamos sobre como elas funcionam”, disse o principal autor do
estudo, Iair Arcavi, da Universidade da Califórnia e do Observatório de Las
Cumbres.
Os cientistas então calcularam
que a estrela original era grande – pelo menos 50 vezes mais maciça do que o
sol, e provavelmente muito maior do que ele.
A supernova iPTF14hls, inclusive,
pode ser a explosão estelar mais massiva já vista. Os pesquisadores acreditam
que uma possível explicação para a estranheza de iPTF14hls é que é uma
“supernova pulsacional de instabilidade de par”, o que tornaria este o primeiro
evento do tipo observado. E o que seria esse evento? Algo que parece ser uma
supernova, mas não destrói sua estrela hospedeira, e geralmente ocorre em
estrelas em torno de 95 a 130 massas solares.
Durante essas explosões, a
estrela libera sua camada externa, derramando entre 10 e 25 massas solares,
diminuindo seu peso para menos de 100 massas solares. Esses eventos podem se
repetir até que a estrela caia em um buraco negro. A explosão de 1843 de Eta Carinae A é uma
provável supernova pulsacional de instabilidade de par, mas isso nunca foi
confirmado.
“Essas explosões só deveriam ser
vistas no universo primitivo e deveriam estar extintas hoje”, explicou o
pesquisador Andy Howell, da Universidade da Califórnia. “É como encontrar um
dinossauro ainda vivo. Você questionaria se é mesmo um dinossauro”.
E há ainda outro problema com
essa hipótese. O modelo pulsacional de instabilidade de par não pode ser
responsável pela presença contínua de hidrogênio. Após a explosão de 1954, a
supernova iPTF14hls manteve algumas dezenas de massas solares de hidrogênio em
sua nuvem externa. Além disso, a explosão mais recente da estrela usou mais
energia do que pode ser comprovada pela instabilidade do par. Isso significa
uma de duas coisas: ou iPTF14hls é realmente uma supernova pulsacional de
instabilidade de par, só que muito bizarra, ou é algo completamente novo. A
equipe vai continuar a monitorar a supernova, na esperança de resolver este
enigma no futuro. A pesquisa foi publicada na prestigiada revista científica
Nature.
Fonte: http://www.sciencealert.com/weird-supernova-explodes-multiple-times-60-years-iptf14hls
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