O LHC detectou o bóson de Higgs novamente, desta vez com uma torção massiva
Físicos que trabalham no Grande
Colisor de Hádrons (em inglês, Large Hadron Collider ou LHC) realizaram uma
nova detecção do famoso bóson de Higgs, desta vez capturando detalhes sobre uma
rara interação com uma das mais pesadas partículas fundamentais conhecidas pela
física: o quark top.
A breve mistura desse encontro
incrivelmente precioso nos fornece informações importantes sobre a natureza da
massa.
A pesquisa foi publicada na
revista científica Physical Review Letters.
Bóson de Higgs e massa
Apesar de lidarmos com a massa
todos os dias – seja na forma da força da gravidade ou na superação da inércia
para movermos o nosso corpo -, entender sua causa básica é complicado.
A famosa equação E = mc ^ 2, de
Albert Einstein, é uma descrição da massa como energia. Juntar partículas
básicas em nêutrons e prótons requer energia, e esse esforço contribui para a
sensação de peso de um átomo.
O problema é que certas
partículas fundamentais ainda têm massa mesmo quando não estão exercendo nenhum
esforço. De onde ela vem?
Cinquenta anos atrás, um
cientista chamado Peter Higgs propôs que tinha que haver um bóson – uma
partícula da mesma categoria que os fótons – que interage com outras partículas
dentro de um campo especial, preenchendo aquele minúsculo pedaço de energia que
completa a massa de um objeto.
Durante décadas, essa pequena
partícula estranha foi a peça que faltava no quebra-cabeça do Modelo Padrão da
Física. Finalmente, em 2012, sua existência foi confirmada pelo LHC.
Interações
Esse era apenas o começo de nossa
exploração do bóson de Higgs, no entanto. Suas relações com diversas partículas
podem nos dizer muito mais sobre a propriedade da massa – como os quarks. Existem
vários tipos de quark. Os up e down são os que compõem prótons e nêutrons, por
exemplo. Já os quarks top não existem por tempo suficiente para podermos
reconhecer bem suas funções: eles decaem em uma fração de segundo.
Eles são incrivelmente pesados,
no entanto. Um elétron tem cerca de um milionésimo da massa de um quark top, o
que indica uma interação relativamente forte com o campo de Higgs. Capturar a interação entre um
bóson de Higgs e um quark top, no entanto, é muito difícil. Nenhuma das duas
partículas existe por tempo suficiente para ser vista diretamente, e apenas 1%
dos bósons de Higgs produzidos pelas energias do LHC aparecem ao lado de um
quark top.
Agulha no palheiro
Para identificá-los juntos, os
físicos precisaram vasculhar os dados de dois grandes experimentos de colisão
do LHC – ATLAS e CMS – em busca de combinações de assinatura dessas partículas.
Foi como encontrar uma agulha no
palheiro. Mas, ao encontrar suficientes agulhas e comparar seus resultados, os
pesquisadores de ambos os experimentos estão agora confiantes de que têm os
números certos para descrever a força de um acoplamento de bóson de Higgs com
quark top.
“As medições das colaborações CMS
e ATLAS dão uma forte indicação de que o bóson de Higgs tem um papel
fundamental no grande valor da massa de quarks top”, resumiu o físico Karl
Jakobs, porta-voz da colaboração ATLAS. “Embora esta seja certamente uma característica
fundamental do Modelo Padrão, esta é a primeira vez que foi verificada
experimental e significativamente”.
Grande Colisor de Hádrons detecta
partícula mais rara que o Bóson de Higgs. Mais informações devem ser
coletadas nos próximos meses, de forma que os pesquisadores podem chegar a uma
figura mais precisa. “Quando o ATLAS e o CMS concluírem suas coletas de dados
em novembro de 2018, teremos eventos suficientes para desafiar ainda mais
fortemente a previsão do Modelo Padrão, para ver se há uma indicação de algo
novo”, disse o porta-voz da colaboração CMS, Joel Butler.
Fonte: ScienceAlert
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