Aprovado novo sistema de coordenadas para o Universo
Cerca de 50
radiotelescópios na Terra vão monitorar 4.536 quasares, que servirão como
âncoras da rede virtual para a Terra e o espaço. [Imagem: TuWien/Divulgação]
Coordenadas
para o Universo
O
céu ganhou um novo referencial de localização - a União Astronômica
Internacional acaba de aprovar o Quadro de Referência Celestial Internacional
(ICRF-3: International Celestial Reference Frame 3). Este
referencial tem validade global: ele serve como referência tanto para os
sistemas usados na Terra, como os sistemas globais de navegação por satélite,
quanto para a navegação das sondas e naves espaciais.
Os
sistemas de posicionamento por satélite (GPS, Galileo, Glonass e Beidou) e suas
aplicações são bem conhecidos, mas um sistema de referência também é necessário
para medir coisas como o movimento das placas tectônicas, as mudanças no nível
do mar e até mudanças na posição da Terra no espaço.
Para
a superfície da Terra - que também pode ser alterada por terremotos e
vulcanismo, por exemplo -, o Quadro de Referência Terrestre Internacional
(ITRF: International Terrestrial Reference Frame) determina todas as posições
na Terra em um sistema de coordenadas, com o centro da Terra como o centro do
sistema.
Contudo,
para medir, por exemplo, se o nível do mar está subindo, o referencial na
superfície da Terra precisa de outro referencial no céu ao qual possa estar
relacionado. E esse referencial no céu é essencial para se estabelecer a
posição precisa e a direção de movimento das sondas e naves espaciais.
Grade
virtual no espaço
Como
quanto mais preciso for o referencial no céu, mais precisa pode ser a
observação de mudanças na superfície da Terra e o monitoramento das naves
espaciais, o primeiro passo de tudo consiste em estabelecer pontos fixos em
relação aos quais as demais posições possam ser descritas.
"Usar
as estrelas fixas que vemos no céu noturno não é uma boa ideia. Com o tempo,
elas mudam um pouco, relativamente umas às outras. Isso significa que seria
necessário definir um novo sistema de referência a cada poucos anos para manter
o nível exigido de precisão," explica o professor Johannes Böhm, da
Universidade Técnica de Viena, na Áustria.
Uma
solução muito melhor é usar as fontes de rádio extragalácticas, ou quasares.
"Hoje
em dia, conhecemos centenas de milhares de objetos no espaço que emitem
radiação extremamente intensa e de ondas longas," explica Böhm. "São
buracos negros supermassivos no centro de galáxias distantes, também conhecidos
como quasares, que algumas vezes estão localizados a bilhões de anos-luz de
distância de nós."
Vistas
da Terra, essas fontes de radiação parecem-se com pontos - geometricamente
falando, uma figura sem dimensões. E a sua enorme distância, fazendo com que
pareçam estáticas no céu, as torna ideais para estabelecer um sistema de
referência mundial. Agora,
a União Astronômica Internacional (IAU) decidiu usar este mapa de fontes de
rádio de alta precisão como um quadro de referência internacional para o espaço
e para a Terra.
Assim
como as longitudes e latitudes na superfície da Terra, o céu poderá ser coberto
com uma grade virtual. Este quadro de referência permite um posicionamento
preciso dos objetos no céu em relação à Terra. Para o estabelecimento desta
rede, cerca de 50 radiotelescópios na Terra vão monitorar 4.536 quasares, que
servirão como âncoras da rede.
Fonte: Inovação Tecnológica
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