Pasta Nuclear: A substância mais dura (des)conhecida no Universo
O "macarrão nuclear" tem uma
densidade calculada em 1030 ergs/cm3 - 1 erg equivale a 1 grama ×
centímetro2/segundo2. [Imagem: Matthew E. Caplan et al.(2018)]
Material
mais forte do Universo
As estrelas de nêutrons
nascem após as supernovas, uma implosão que comprime um objeto do tamanho do
Sol para o tamanho de uma cidade, o que torna esses corpos celestes cem trilhões
de vezes mais densos do que qualquer coisa na Terra. Sua imensa gravidade
transforma suas camadas externas em uma espécie de "super-sólido",
tornando as estrelas de nêutrons semelhantes à terra em termos de contar com
uma crosta fina envolvendo um núcleo pastoso ou líquido.
Astrofísicos conseguiram
agora calcular a resistência do material dentro da crosta das estrelas de
nêutrons. O resultado não surpreendeu: É o material mais forte conhecido no
Universo, onde "conhecido" merece várias aspas, já que de fato só
vislumbramos sua existência e sua natureza por simulações teóricas.
Essa alta densidade faz com
que o material que compõe uma estrela de nêutrons tenha uma estrutura única. Os
astrofísicos referem-se a ela como pasta nuclear - massa nuclear também é
aceito, com ambos os termos no sentido de "macarrão nuclear".
Abaixo da crosta, forças
concorrentes entre os prótons e os nêutrons fazem com que essas partículas se
agrupem em formas tais como cilindros longos ou fitas planas, que são
conhecidas na literatura como "lasanha" e "espaguete" - daí
o nome "massa nuclear". Juntas, as enormes densidades e formas
estranhas tornam a massa nuclear incrivelmente rígida.
Física
interessante
Esta é pasta nuclear tipo lasanha. [Imagem:
Matthew E. Caplan et al.(2018)]
A simulações de computador,
que exigiram 2 milhões de horas de tempo de processador, o equivalente a 250
anos em um laptop com uma única boa GPU, permitiram esticar e deformar o
macarrão cósmico até níveis profundos na crosta da estrela de nêutrons.
Valeu a pena, porque os
resultados serão úteis em várias áreas de pesquisa.
"A força da crosta da
estrela de nêutrons, especialmente a parte inferior da crosta, é relevante para
um grande número de problemas astrofísicos, mas não é bem compreendida,"
explicou Matthew Caplan, da Universidade McGill (Canadá), que fez os cálculos
em colaboração com colegas da Universidade de Indiana e do Instituto de
Tecnologia da Califórnia (EUA).
"Nossos resultados são
valiosos para astrônomos que estudam estrelas de nêutrons. Sua camada externa é
a parte que realmente observamos, por isso precisamos entendê-la para
interpretar observações astronômicas dessas estrelas," acrescentou Caplan.
Os resultados também vão
ajudar os astrofísicos a entender melhor as ondas gravitacionais, como as
detectadas no ano passado, quando duas estrelas de nêutrons colidiram. Os
resultados desta nova simulação sugerem que mesmo estrelas de nêutrons isoladas
podem gerar pequenas ondas gravitacionais.
"Um monte de física
interessante está acontecendo aqui sob condições extremas, e entender as
propriedades físicas de uma estrela de nêutrons é uma maneira de os cientistas
testarem suas teorias e modelos," disse Caplan. "Com esse resultado,
muitos problemas precisam ser revisitados. Até que tamanho uma montanha pode se
erguer sobre uma estrela de nêutrons antes que a crosta se rompa e colapse?
Como será isso? E o mais importante, como os astrônomos podem observar
isto?"
Fonte: Inovação Tecnológica
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