Missão DAWN chega ao fim


Esta fotografia de Ceres e das brilhantes regiões da Cratera Occator foi uma das últimas obtidas pela sonda Dawn. Na direção sul, foi captada no dia 1 de setembro de 2018 a uma altitude de 3370 km à medida que a sonda descia para a sua órbita elíptica. Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA

A sonda Dawn da NASA ficou em silêncio, terminando uma missão histórica que estudou "cápsulas do tempo" do primeiro capítulo da história do Sistema Solar.

A Dawn falhou às sessões de comunicação programadas com a DSN (Deep Space Network) da NASA na quarta-feira, dia 31 de outubro, e quinta-feira, dia 1 de novembro. Depois da equipa de voo ter eliminado outras causas possíveis para as comunicações perdidas, os gerentes da missão concluíram que a nave finalmente ficou sem hidrazina, o combustível que permitia o controlo da orientação. A Dawn já não consegue manter as suas antenas apontadas para a Terra a fim de comunicar com o controlo da missão ou virar os seus painéis solares para o Sol para recarregar energia.

A sonda Dawn foi lançada há 11 anos para visitar os dois maiores objetos da cintura principal de asteroides. Atualmente, está em órbita do planeta anão Ceres, onde permanecerá durante décadas.

"Hoje, celebramos o fim da nossa missão Dawn - os seus incríveis feitos técnicos, a ciência vital que nos deu e a equipa que possibilitou com que a nave fizesse essas descobertas," afirma Thomas Zurbuchen, administrador associado do Diretorado de Missões Científicas da NASA em Washington. "As imagens e dados impressionantes que a Dawn recolheu de Vesta e de Ceres são fundamentais para entender a história e a evolução do nosso Sistema Solar."

A Dawn foi lançada em 2007 numa viagem que colocou cerca de 6,9 mil milhões de quilómetros no seu odómetro. Impulsionada a motores iónicos, a sonda alcançou muitos feitos ao longo do caminho. Em 2011, quando a Dawn chegou a Vesta, o segundo maior mundo da cintura principal de asteroides, tornou-se na primeira a orbitar um corpo na região entre Marte e Júpiter. Em 2015, quando a Dawn entrou em órbita de Ceres, um planeta anão que é também o maior corpo da cintura de asteroides, a missão tornou-se na primeira a visitar um planeta anão e a orbitar dois astros além da Terra.

"O facto de que na matrícula do meu carro está escrito, 'O meu outro veículo está na cintura principal de asteroides,' mostra o orgulho que tenho na Dawn," comenta Marc Rayman, diretor da missão e engenheiro-chefe no JPL da NASA. "As demandas que colocámos na Dawn foram tremendas, mas sempre enfrentou o desafio. É difícil dizer adeus a esta nave espacial incrível, mas está na hora."

Os dados que a Dawn transmitiu para a Terra, recolhidos pelas suas quatro experiências científicas, permitiram com que os cientistas comparassem dois mundos semelhantes a planetas que evoluíram de maneira muito diferente. Entre os seus feitos, a Dawn mostrou como a localização era importante para o modo como os objetos no início do Sistema Solar se formaram e evoluíram. A Dawn também reforçou a ideia de que os planetas anões podem ter abrigado oceanos durante uma parte significativa da sua história - e potencialmente ainda abrigam.

"De muitas maneiras, o legado da Dawn está apenas a começar," comenta Carol Raymond, investigadora principal no JPL. "Os conjuntos de dados da Dawn serão profundamente explorados por cientistas que trabalham para determinar como os planetas crescem e se diferenciam, e quando e onde a vida se pode ter formado no nosso Sistema Solar. Ceres e Vesta também são importantes para o estudo de sistemas planetários distantes, pois fornecem um vislumbre das condições que podem existir em torno de estrelas jovens."

Dado que Ceres tem condições de interesse para os cientistas que estudam a química que leva ao desenvolvimento da vida, a NASA segue rígidos protocolos de proteção planetária para o descarte da nave espacial Dawn. A Dawn permanecerá em órbita pelo menos durante 20 anos e os engenheiros têm mais de 99% de confiança de que a órbita durará pelo menos 50 anos.

Assim, apesar do plano de missão não prever um mergulho final e ardente - como a sonda Cassini no ano passado, por exemplo - pelo menos isto é certo: a Dawn gastou todas as gotas de hidrazina a fazer observações científicas de Ceres e a transmiti-las para que pudéssemos aprender mais sobre o Sistema Solar a que chamamos casa.
Fonte: Astronomia OnLine

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