NASA aprende mais sobre o visitante interestelar 'OUMUAMUA
Impressão de artista do asteroide interestelar 1I/2017 U1
('Oumuamua) à medida que passava pelo Sistema Solar depois da sua descoberta em
outubro de 2017. As observações de 'Oumuamua indicam que deverá ser muito
alongado devido às suas dramáticas variações de brilho enquanto vagueava pelo
espaço.Crédito: ESO/M. Kornmesser
Em novembro de 2017, cientistas
apontaram o Telescópio Espacial Spitzer da NASA para o objeto conhecido como
'Oumuamua - o primeiro objeto interestelar conhecido a visitar o nosso Sistema
Solar. O infravermelho Spitzer foi um dos muitos telescópios apontados para
'Oumuamua nas semanas após a sua descoberta em outubro.
'Oumuamua era demasiado ténue
para ser detetado pelo Spitzer quando este o observou mais de dois meses após a
maior aproximação da Terra no início de setembro. No entanto, a
"não-deteção" coloca um novo limite em quão grande o objeto estranho
pode ser. Os resultados são relatados num novo estudo publicado na revista The
Astronomical Journal, coautoria de cientistas do JPL da NASA em Pasadena, no
estado norte-americano da Califórnia.
O novo limite de tamanho é
consistente com os resultados de um artigo científico publicado no início deste
ano, que sugeriu que a saída de gás era responsável pelas ligeiras mudanças na
velocidade e direção de 'Oumuamua à medida que era acompanhado no ano passado:
os autores desse artigo concluíram que o gás expelido agia como um pequeno
propulsor que empurrava gentilmente o objeto. Essa determinação dependia de
'Oumuamua ser relativamente mais pequeno do que os típicos cometas do Sistema
Solar. (A conclusão de que 'Oumuamua expelia materiais gasosos sugeriu que era
composto por gases gelados, semelhante a um cometa.)
"'Oumuamua tem sido uma
caixinha de supressas desde o primeiro dia, de modo que estávamos ansiosos por
ver o que o Spitzer podia mostrar," comenta David Trilling, autor
principal do novo estudo e professor de astronomia da Universidade do Norte do
Arizona. "O facto de que 'Oumuamua foi demasiado pequeno para ser detetado
pelo Spitzer é, na verdade, um resultado muito valioso."
'Oumuamua foi detetado pela
primeira vez pelo telescópio Pan-STARRS 1 da Universidade do Hawaii em
Haleakala (o nome do objeto é a palavra havaiana que significa "visitante
de longe que chega primeiro"), em outubro de 2017 enquanto o telescópio
inspecionava asteroides próximos da Terra.
Os cientistas concluíram que aberturas à superfície de 'Oumuamua devem ter emitdo jatos de gases, dando ao objeto um ligeiro aumento de velocidade, que os investigadores detetaram através da medição da posição do objeto enquanto passava pela Terra em 2017.Crédito: NASA/JPL-Caltech
Observações detalhadas
subsequentes levadas a cabo por vários telescópios terrestres e pelo Telescópio
Espacial Hubble da NASA detetaram a luz solar refletida da superfície de
'Oumuamua. As grandes variações no brilho sugeriram que 'Oumuamua é altamente
alongado e provavelmente tem menos de 800 metros no seu maior eixo.
Mas o Spitzer rastreia
asteroides e cometas usando radiação infravermelha, ou calor, que irradiam, o
que pode fornecer informações mais específicas sobre o tamanho de um objeto do
que observações óticas da luz solar.
O facto de que 'Oumuamua era
demasiado fraco para o Spitzer detetar coloca um limite na área de superfície
total do objeto. No entanto, como a não-deteção não pode ser usada para inferir
a forma, os limites de tamanho são apresentados como se fosse para o diâmetro
de um 'Oumamua esférico. Usando três modelos separados que fazem suposições
ligeiramente diferentes da composição do objeto, a não-deteção do Spitzer
limitou o "diâmetro esférico" de 'Oumuamua a 440 metros, 140 metros
ou talvez até 100 metros. A ampla gama de resultados deriva das suposições
sobre a composição de 'Oumuamua, que influencia o quão visível (ou ténue)
pareceria ao Spitzer se fosse de um tamanho em particular.
Pequeno mas Refletivo
O novo estudo também sugere
que 'Oumuamua pode ser até 10 vezes mais refletivo do que os cometas que
residem no nosso Sistema Solar - um resultado surpreendente, de acordo com os
autores do artigo. Dado que a luz infravermelha é em grande parte a radiação de
calor produzida por objetos "quentes", pode ser usada para determinar
a temperatura de um cometa ou asteroide; por sua vez, isso pode ser usado para
determinar a refletividade da superfície do objeto - o que os cientistas chamam
de albedo. Assim como uma t-shirt escura, ao Sol, aquece mais depressa do que
uma t-shirt clara, um objeto com baixa refletividade retém mais calor do que um
objeto com alta refletividade. Assim sendo, uma temperatura mais baixa
significa um albedo maior.
O albedo de um cometa pode
mudar ao longo da sua vida. Quando passa perto do Sol, o gelo do cometa aquece
e transforma-se diretamente em gás, varrendo poeira da superfície do cometa e
revelando mais gelo refletivo.
'Oumuamua viaja pelo espaço
interestelar há milhões de anos, longe de qualquer estrela que pudesse
refrescar a sua superfície. Mas pode ter tido a sua superfície refrescada
através dos tais "desgastes gasosos" quando fez uma bastante íntima
aproximação do nosso Sol, pouco mais de cinco semanas antes de ser descoberto.
Além de varrer poeira, algum do gás libertado pode ter coberto a superfície de
'Oumuamua com uma camada refletiva de gelo e neve - um fenómeno que também tem
sido observado em cometas do nosso Sistema Solar.
'Oumuamua está de saída do
nosso Sistema Solar - quase tão longe do Sol quanto a órbita de Saturno - e
está agora bem para lá do alcance de qualquer telescópio em existência.
"Normalmente, se obtemos
uma medição de um cometa que é um tanto ou quanto estranha, repetimos o
processo até entendermos o que estamos a ver," explica Davide Farnocchia,
do CNEOS (Center for Near Earth Object Studies) no JPL e coautor de ambos os
trabalhos. "Mas este objeto desapareceu para sempre; provavelmente já
sabemos tudo sobre ele quanto é possível saber."
Fonte: Astronomia OnLine
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