Ondas gravitacionais deixam uma marca detectável, Dizem os físicos
Quando dois buracos negros giram em órbita um do outro, irradiam
ondas gravitacionais, libertando energia orbital e espiralando em direção um do
outro. Esta impressão de artista mostra as ondulações numa superfície
bidimensional do espaço-tempo, para que as consigamos imaginar melhor.Crédito:
Swinburne Astronomy Productions
As
ondas gravitacionais, detectadas pela primeira vez em 2016, abrem uma nova
janela para o Universo, com o potencial de nos contar tudo sobre a época que se
seguiu ao Big Bang até aos eventos mais recentes nos centros de galáxias.
E
enquanto o detetor LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory)
observa 24 horas por dia, 7 dias por semana, ondas gravitacionais que passam
pela Terra, uma nova investigação mostra que essas ondas deixam para trás
muitas "memórias" que podem ajudar a detetá-las mesmo depois de terem
passado.
"Que
as ondas gravitacionais deixam mudanças permanentes num detetor depois de
passarem, é uma das previsões mais invulgares da relatividade geral,"
disse o candidato a doutoramento Alexander Grant, autor principal do artigo
científico publicado na edição de 26 de abril da revista Physical Review D.
Os
físicos sabem há muito tempo que as ondas gravitacionais deixam uma espécie de
memória nas partículas ao longo do caminho e identificaram cinco dessas
memórias. Os investigadores descobriram agora mais três efeitos posteriores da
passagem de uma onda gravitacional, "ondas gravitacionais persistentes
observáveis" que podem um dia ajudar a identificar ondas que passam pelo
Universo.
Cada
nova onda observável, realça Grant, fornece diferentes maneiras de confirmar a
teoria da relatividade geral e fornece informações sobre as propriedades
intrínsecas das ondas gravitacionais.
Essas
propriedades, dizem os cientistas, podem ajudar a extrair informações da
Radiação Cósmica de Fundo em Micro-ondas - radiação remanescente do Big Bang.
"Não
antecipámos a riqueza e a diversidade do que podia ser observado,"
explicou Éanna Flanagan, professor de física e de astronomia da Universidade de
Cornell, no estado norte-americano de Nova Iorque.
"O
que foi surpreendente, para mim, sobre esta investigação, é como diferentes
ideias às vezes tinham uma relação inesperada," disse Grant. "Nós
considerámos uma grande variedade de observáveis diferentes e descobrimos que,
muitas vezes, para saber mais sobre uma, temos que ter conhecimento da
outra."
Os
investigadores identificaram três observáveis que mostram os efeitos de ondas
gravitacionais numa região plana do espaço-tempo que sofre um surto de ondas
gravitacionais, após o qual volta a ser uma região plana. O primeiro
observável, "desvio de curva", é quanto dois observadores em aceleração
se separam um do outro, em comparação com a forma como observadores com as
mesmas acelerações se separariam um do outro num espaço plano não perturbado
por uma onda gravitacional.
O
segundo observável, "holonomia", é obtido transportando informações
sobre o momento linear e angular de uma partícula ao longo de duas curvas
diferentes através das ondas gravitacionais e comparando os dois resultados
diferentes.
O
terceiro analisa como as ondas gravitacionais afetam o deslocamento relativo de
duas partículas quando uma das partículas tem uma rotação intrínseca.
Cada
um destes observáveis é definido pelos investigadores de uma maneira que pode
ser medida pelo detetor. Os procedimentos de deteção para o desvio de curva e
para as partículas em rotação são "relativamente simples de
realizar," escreveram os investigadores, necessitando apenas "um meio
de medir a separação e para os observadores acompanharem as suas respetivas
acelerações."
A
deteção da holonomia observável seria mais difícil, escreveram, "exigindo
que dois observadores medissem a curvatura local do espaço-tempo
(potencialmente transportando pequenos detetores de ondas
gravitacionais)." Dado o tamanho necessário para o LIGO detetar até uma
onda gravitacional, a capacidade de detetar os observáveis de holonomia está
além do alcance da ciência atual, dizem os cientistas.
"Mas
já vimos muitas coisas interessantes com ondas gravitacionais, e veremos muitas
mais. Existem até planos para colocar um detetor de ondas gravitacionais no
espaço, que será sensível a fontes diferentes do LIGO," conclui Flanagan.
Fonte: Astronomia OnLine
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