Acelerador de partículas: cientistas simulam a colisão de duas estrelas de nêutrons
Cientistas da Universidade
Técnica de Munique e do Centro Helmholtz de Pesquisas sobre Íons Pesados (GSI,
na sigla original), na Alemanha, simularam uma colisão de estrelas de nêutrons
em um acelerador de partículas para medir as temperaturas extremas que ocorrem
dentro de tal choque raro. Raro porque só observamos uma
colisão de estrelas de nêutrons até hoje, e não é como se pudéssemos ir até lá
e colocar um termômetro para fazer observações precisas do incidente.
O
estudo
Então, os pesquisadores deram
um jeito de podermos estudar a colisão aqui da Terra: usando um acelerador de
partículas do GSI e muitos íons pesados. Algumas das condições das colisões de íons
pesados, como densidade e temperatura, são semelhantes às das colisões de
estrelas de nêutrons. Assim como fótons virtuais são produzidos na última,
também podem aparecer quando dois íons pesados são chocados a velocidades que
se aproximam à da luz.
Mas existem algumas
dificuldades envolvidas neste estudo, nomeadamente com os fótons virtuais –
eles aparecem muito raramente e são muito fracos. Tivemos que registrar e analisar cerca de 3
bilhões de colisões para finalmente reconstruir 20.000 fótons virtuais
mensuráveis”, explicou o físico da Universidade Técnica de Munique, Jürgen
Friese, ao Science Alert.
Além disso, os cientistas
precisaram desenvolver uma técnica de reconhecimento de padrões em que uma foto
de 30.000 pixels é digitalizada em poucos microssegundos, utilizando
tecnologias como máscaras eletrônicas, redes neurais e inteligência artificial,
a fim de detectar os padrões de radiação Cherenkov muito fracos gerados pelos
produtos de decaimento de fótons virtuais.
Resultados
O resultado da colisão de
íons foi de fato parecido com o de estrelas de nêutrons, de forma que os
pesquisadores puderam concluir que duas estrelas colidindo, cada uma com uma
massa 1,35 maior que a do nosso sol, produziriam uma temperatura de 800 bilhões
de graus Celsius – o que, por sua vez, significa que essas colisões fundem
núcleos pesados.
A pesquisa também pode ajudar
os cientistas a entenderem melhor uma matéria densa feita de quarks (conhecida
pela sigla QDC) que teria preenchido o universo apenas momentos após o Big
Bang.
“Um plasma de quarks e glúons
fez a transição para núcleons e outros estados ligados a hadrônicos no início
do universo”, escreveram os pesquisadores em seu artigo. Acredita-se que
“estados similares de matéria, em temperaturas mais baixas, ainda existam no
interior de objetos estelares compactos, como estrelas de nêutrons. A formação
de tal matéria cósmica em colisões com íons pesados fornece acesso a estudos da
estrutura microscópica da QCD”.
Um artigo sobre a pesquisa
foi publicado na revista científica Nature Physics.
Fonte:
Hypescience.com
[ScienceAlert]
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!