Falhas descobertas em estrelas de nêutrons revelam segredos
As estrelas de nêutrons não
são apenas os objetos mais densos do Universo, mas também giram muito rápido e
regularmente, até deixarem de fazê-lo. Ocasionalmente, estas
estrelas de nêutrons começam a girar mais rápido, devido a partes do interior
da estrela se movendo para fora. É chamado de “falha” e fornece aos astrônomos
uma breve visão sobre o que está dentro desses objetos misteriosos.
Em um artigo publicado na
revista Nature Astronomy, uma equipe da Universidade Monash, da Universidade
McGill e da Universidade da Tasmânia estudaram a Vela Pulsar, uma estrela de
nêutrons no céu do sul, que fica a 1.000 anos-luz de distância.
Segundo o principal autor do
artigo, Dr. Greg Ashton, da Monash School of Physics and Astronomy, Vela é
famosa – não apenas porque apenas 5% dos pulsares são conhecidos por
apresentarem falhas, mas também porque Vela “falha” cerca de uma vez a cada
três anos, se tornando uma favorita para os “caçadores de falhas”, como o Dr.
Ashton e seu colega, Dr. Paul Lasky, também de Monash.
Ao reanalisar os dados das
observações da falha da Vela em 2016 feitas pelo co-autor Dr. Jim Palfreyman,
da Universidade da Tasmânia, o Dr. Ashton e sua equipe descobriram que durante
a falha a estrela começou a girar ainda mais rápido, antes de relaxar até o
estado final.
De acordo com o Dr. Lasky,
também da Monash School of Physics and Astronomy, esta observação (feita no
Mount Pleasant Observatory, na Tasmânia) é particularmente importante porque,
pela primeira vez, os cientistas tiveram uma visão do interior da estrela,
revelando que o interior dela realmente possui três componentes diferentes.
“Um desses componentes, uma
sopa de nêutrons superfluidos na camada interna da crosta, move-se para fora
primeiro e atinge a crosta externa rígida da estrela, fazendo com que ela
gire”, disse o Dr. Lasky.
“Mas então, uma segunda sopa
de superfluidos que se move no núcleo alcança a primeira, fazendo com que a
rotação da estrela diminua.”
Este overshoot foi previsto
algumas vezes na literatura, mas este é o primeiro tempo real que foi
identificado nas observações,” ele disse.
Uma dessas previsões de
overshoot veio da co-autora do estudo, Dra. Vanessa Graber, da Universidade
McGill, que foi uma visitante na equipe de Monash no início deste ano.
Outra observação, de acordo
com o Dr. Ashton, desafia a explicação.
“Imediatamente antes da
falha, notamos que a estrela parece diminuir sua taxa de rotação antes de
voltar a girar”, disse o Dr. Ashton.
“Nós realmente não temos
ideia do porquê disso, e é a primeira vez que isso é visto.”
“Pode estar relacionado com a
causa da falha, mas honestamente não temos certeza”, disse ele, acrescentando
que suspeita que este novo artigo inspira algumas novas teorias sobre estrelas
de nêutrons e as falhas.
Fonte: Socientífica.com.br
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