Dentro de meses, 6 tranquilas galáxias se tornaram intensos quasares
Comparado
com as nossas brevíssimas vidas humanas com os eventos em escalas astronômicas
tendem a parecer extremamente lentos. Mas nem sempre é assim. De
uma maneira fenomenal, seis galáxias se transformaram de maneira impressionante
em poucos meses. De galáxias relativamente tranquilas elas se transformaram a
quasares ativos – os tipos mais brilhantes de galáxias, emitindo enormes
quantidades de radiação.
Isso
não é apenas incrivelmente legal – esses eventos podem ajudar a resolver um
debate de longa data sobre o que produz a luz em um tipo específico de galáxia.
De fato, eles podem indicar um tipo anteriormente desconhecido de atividade do
núcleo galáctico.
Todas
elas eram galáxias de região linear de baixa ionização nuclear (LINER, na sigla
em inglês). Em termos de brilho elas são como os “filhos do meio” galácticos.
Galáxias
LINER compõe um terço das galáxias conhecidas. Brilham mais mais do que as
galáxias que possuem os gigantescos buracos negros supermassivos adormecidos no
centro, mas não brilham tanto quanto as galáxias ativas (chamadas de galáxias
de Seyfert), cujos buracos negros supermassivos estão devorando lanches
cósmicos.
Galáxias
quasares são as mais brilhantes das galáxias ativas; estão, na realidade, entre
os objetos mais brilhantes de todo o universo. As emanações de ondas de rádio e
luz que observamos são geradas pelo material que envolve o buraco negro, o
disco de acreção.
“Identificamos
um classe totalmente nova de núcleo galáctico ativo.”
O
disco possui gás e poeira girando em altíssimas velocidades, como se fosse a
água que gira pelo ralo da pia, o que gera um imenso atrito quando é puxado
pela enorme força gravitacional do buraco negro central. Esse atrito produz luz
e calor intensos; grandes jatos emitidos das regiões polares do buraco negro
lançam ondas de rádio.
Há
muita dúvida sobre o que exatamente produz toda essa luz nas galáxias LINER.
Alguns astrônomos pensam que é produto de buracos negros; outros pensam que
poderia ser o resultado de um surto de criação estelar – ou seja, muitas
estrelas nascendo.
No
entanto, quando uma equipe de pesquisadores liderada pela astrônoma Sara Frederick
— Universidade de Maryland (EUA) — os primeiros nove meses de levantamento de
dados celestiais do Zwicky Transient Facility, eles encontraram nada menos que
seis galáxias LINER com uma estranha atividade.
“Para
um dos seis objetos, pensamos que tínhamos observado um evento de perturbação
das marés, que acontece quando uma estrela passa muito perto de um buraco negro
supermassivo e é fragmentada”, disse Frederick.
“Mas
descobrimos mais tarde que era um buraco negro anteriormente dormente passando
por uma transição que os astrônomos chamam de ‘aparência mutável’, resultando
em um quasar brilhante. Observar seis dessas transições, todas em galáxias
LINER relativamente tranquilas, sugere que identificamos um classe totalmente
nova de núcleo galáctico ativo”.
“Há
algo completamente diferente acontecendo nessas galáxias.”
Transições
visuais assim não são incomuns, mas não costumam ser tão dramáticas. O primeiro
quasar que mudava de aparência foi descoberto em 2015, e foi na direção
completamente oposta: era um quasar que escurecia em uma galáxia Seyfert.
Além
do mais, essas mudança de aparência costumam ser observadas ocorrendo entre
tipos diferentes de galáxias Seyfert, ou seja, galáxias que produzem tipos de
luz diferentes. A luz geralmente depende de como a galáxia está orientada –
aquelas em que vemos apenas a ponta, ou aquelas com o disco todo voltado para
nós -, portanto essas transições são um mistério por si sós que talvez um dia
sejam explicadas.
Essas
transições de Seyfert foram o que a equipe se propôs a estudar.
“Em
vez disso, encontramos toda uma nova classe de núcleo galáctico ativo capaz de
transformar uma galáxia fraca em um quasar luminoso”, afirmou a astrônoma Suvi
Gezari, também da Universidade de Maryland.
“A
teoria sugere que um quasar deve levar milhares de anos para ser ativado, mas
essas observações sugerem que isso pode acontecer muito rapidamente. Isso diz
que a teoria está completamente errada. Pensávamos que a transformação das
Seyfert era o principal quebra-cabeça. Mas agora temos um problema maior para
resolver “.
Nenhuma
das galáxias observadas possui formação de novas estrelas muito ativa — a mais
ativa produz o equivalente a 1,27 sóis por ano. Outras pesquisas descobriram
que muitas (mas com certeza não todas) as galáxias LINER também parecem não ter
taxas de formação estelar alta.
Isso
pode nos indicar que as seis galáxias observadas sejam uma classe diferente de
galáxias.
Mas
as novas descobertas também mostram que o que sabíamos sobre quasares também
pode estar errado. O fato destas galáxias mudararem tão dramaticamente com
tanta rapidez — nas escalas de tempo humanas — não coincide com a teoria dos
quasares da atualidade. Tudo o que possa causar uma mudança tão extrema destas
deve ser extremamente intenso.
“Essas
seis transições foram tão repentinas e dramáticas que nos dizem que há algo
completamente diferente acontecendo nessas galáxias”, disse Frederick.
“Queremos
saber como essas quantidades maciças de gás e poeira podem repentinamente
passar a cair em um buraco negro. Como poderíamos capturar essas transições em
ação, isso abre muitas oportunidades para comparar como eram os núcleos antes e
depois da transformação.”
A
pesquisa foi publicada no The Astrophysical Journal.
Fonte:
Science Alert
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