O que parecem ser buracos negros podem ser objetos de energia escura
Astrônomos tipicamente
consideram que buracos negros são formados por grande estrelas que morrem, mas
em 1966 o jovem físico russo Erast Gliner propôs uma hipótese diferente:
estrelas muito grandes poderiam entrar em colapso e formar Objetos Genéricos de
Energia Escura (GEODEs, na sigla em inglês). Esses objetos podem parecer
buracos negros quando são vistos de fora, mas contêm energia escura ao invés de
singularidade.
A energia escura é um tipo
hipotético de energia que estaria em todo o espaço e que tenderia a acelerar a
expansão dele.
No final do último mês de
agosto, Kevin Croker e Joel Weiner, da Universidade do Havaí (EUA), publicaram
na revista The Astrophysical Journal um estudo que traz novidades importantes
para a compreensão da expansão do universo e sobre o que acontece com estrelas
no fim da vida delas.
O trabalho é baseado na
hipótese de Gliner e na descoberta feita de 1998 de que a expansão do universo
está acelerando. O trabalho de 1998 não reconheceu, porém, que os GEODEs
poderiam contribuir para a aceleração. O trabalho de Croker e Weiner mostrou
que uma fração de estrelas antigas entram em colapso e viram GEODEs ao invés de
buracos negros.
Correção
de erro
Para chegar a esta conclusão,
a dupla corrigiu um pequeno erro que era feito na hora de aplicar as equações
de Einstein ao modelo de crescimento do universo. Este erro estava na
consideração de que um sistema grande como o universo seria insensível a
detalhes de pequenos sistemas que o integram.
Os pesquisadores mostraram
que esta suposição não funciona em objetos compactos que restam depois do
colapso e explosão de grandes estrelas. “Por 80 anos nós operamos sob suposição
de que o universo, de forma geral, não era afetado por detalhes particulares de
qualquer região pequena”, afirmou Croker.
“Agora
está claro que a relatividade geral pode conectar de forma observável estrelas
colapsadas – em regiões do tamanho de Honolulu – ao comportamento do universo
como todo”.
Pequenos objetos, grandes
consequências
Croker e Weiner demonstraram
que a taxa de crescimento do universo pode se tornar sensível à contribuição
média desses objetos compactos. De forma contrária, os próprios objetos podem
se conectar ao crescimento do universo, ganhando ou perdendo energia dependendo
da composição dos objetos.
Este resultado é
significativo já que revela conexões inesperadas entre objetos físicos
compactos e cósmicos, o que por sua vez leva a novas previsões observacionais.
Possível
explicação
Em 2016, o Observatório de
Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO) observou o que parecia ser
uma colisão entre um sistema duplo de buracos negros. O que deixou pesquisadores
confusos foi que esses objetos que colidiram eram inesperadamente pesados –
cinco vezes mais pesados do que o previsto por simulações de computador.
Utilizando os cálculos
corretos, Croker e Weiner sugeriram que a colisão não era entre buracos negros,
mas sim entre GEODEs.
Eles descobriram que os
GEODEs crescem junto com o universo antes da colisão. Quando ela acontece, as
massas dos GEODEs ficam 4 a 8 vezes maiores, em alinhamento com as observações
do LIGO. “O que mostramos é que se GEODEs realmente existem, então eles podem
facilmente causar fenômenos observados que atualmente não têm explicações
convincentes”, dizem os pesquisadores.
Fonte: Hypescience.com
Phys.org
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