Rochas lunares ajudam a formar nova imagem da Terra e Lua primitivas
Os cientistas pensam que a Lua foi formada após a colisão de um grande objeto com a Terra, mas os detalhes são escassos acerca do que aconteceu depois.Crédito: William Hartmann
A maioria das pessoas só
encontra rubídio como a cor púrpura dos fogos-de-artifício, mas o metal obscuro
ajudou dois cientistas da Universidade de Chicago a propor uma teoria de como a
Lua se pode ter formado.
Realizado no laboratório do
professor Nicolas Dauphas, cuja investigação pioneira analisa a composição
isotópica das rochas da Terra e da Lua, o novo estudo mediu o rubídio nos dois
corpos planetários e criou um novo modelo para explicar as diferenças. A
descoberta revela novas ideias sobre um enigma acerca da formação da Lua que
tem dominado ao longo da última década o campo da ciência lunar, conhecido como
"crise isotópica lunar."
Esta crise começou quando
novos métodos de teste revelaram que as rochas da Terra e da Lua têm níveis
surpreendentemente semelhantes de alguns isótopos, mas níveis muito diferentes
de outros. Isto confunde os dois principais cenários de como a Lua se formou:
um diz que um objeto gigante colidiu com a Terra e levou com ele um grande
pedaço da Terra para formar a Lua (neste caso a Lua deve ter uma composição
decisivamente diferente, principalmente o outro objeto); e o outro cenário é
que esse objeto obliterou a Terra e os dois corpos celestes acabaram-se
formando a partir dos destroços resultantes (neste caso, as duas composições
devem ser virtualmente idênticas).
"Há claramente algo aqui
em falta," disse Nicole Nie, doutoranda e autora principal do estudo
publicado recentemente na revista The Astrophysical Journal Letters. Ex-aluna
do laboratório de Dauphas, Nie está agora no Instituto Carnegie para Ciência.
Para testar diferentes
teorias, o laboratório de Dauphas tem uma coleção de rochas lunares emprestadas
pela NASA (representando cada uma das missões Apollo que recuperaram amostras).
Nie criou uma maneira rigorosa de medir os isótopos de rubídio - um elemento
que nunca havia sido medido com precisão nas rochas da Lua porque é tão difícil
isolar do potássio, que é quimicamente extremamente semelhante.
O rubídio faz parte de uma
família de elementos que sempre aparece com diferentes proporções de isótopos
na Lua em comparação com a Terra. Quando Nie examinou as rochas lunares,
descobriu que continham menos isótopos leves de rubídio e mais isótopos pesados
do que as rochas da Terra.
"Não havia realmente
nenhuma estrutura para explicar esta diferença," disse Dauphas, professor
no Departamento de Ciências Geofísicas. "De modo que decidimos fazer
uma."
Começaram com a ideia de que
tanto a Terra quanto o objeto gigante foram vaporizados após o impacto. Neste
cenário, uma massa que se tornará a Terra coalesce lentamente e um anel
exterior de detritos forma-se em seu redor. Ainda está tão quente, com mais de
3300º C, que este anel é provavelmente uma camada exterior de vapor em redor de
um núcleo de magma líquido.
Com o tempo, Nie e Dauphas
supõem, os isótopos mais leves de elementos como o rubídio evaporam-se mais
rapidamente. Estes condensam-se na Terra, enquanto o resto dos isótopos mais
pesados deixados para trás no anel eventualmente formam a Lua.
Isto disse-lhes mais sobre o
aspeto da Terra e da Lua primitivas. Como sabem exatamente quanto mais dos
isótopos leves evaporaram, trabalharam para trás para descobrir o aspeto da
camada de vapor - quanto mais saturada, mais lenta a evaporação (pense em
tentar secar a sua roupa num dia muito húmido nos trópicos, vs. num dia muito
seco no deserto).
Isto é útil porque as
características exatas desta fase inicial são difíceis de determinar. Os
resultados também encaixam bem com medições anteriores de outros isótopos em
rochas lunares, como o potássio, cobre e zinco. "O nosso novo cenário pode
explicar quantitativamente o esgotamento lunar não apenas do rubídio, mas
também da maioria dos elementos voláteis," salientou Nie.
O estudo é um passo há muito
necessário para ligar as linhas entre medições isotópicas e modelos físicos dos
corpos protoplanetários, acrescentou Dauphas.
"Este elo estava em
falta e esperamos que ajude a restringir, no futuro, os cenários para a formação
da Lua e da Terra," concluiu.
Fonte: Astronomia OnLine
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