O mundo nunca viu uma imagem tão detalhada da superfície solar
Apesar de todos os
avanços da astronomia nas últimas décadas, nosso Sol continua sendo um lugar
bastante enigmático. Não sabemos, por exemplo, como funcionam exatamente os
ventos solares, e nem porque a atmosfera externa da estrela, chamada de coroa,
é bem mais quente do que sua superfície (a temperatura da coroa pode atingir
1,1 milhões de graus Celsius, enquanto a da superfície chega a “míseros” 6 mil
graus). Mas novas pesquisas estão começando a revelar mais sobre o astro –
incluindo suas fotos mais detalhadas até agora. Os novos registros
foram feitos pelo telescópio Solar Daniel K. Inouye (DKIST) localizado no Havaí
(EUA), e mostram uma superfície rachada e fragmentada, que lembra milho de
pipoca ou favos de mel. Ela é formado por “células” de plasma (isto é, gás tão
quente que seus elétrons escapam dos átomos) que recebem calor do centro da
estrela, crescendo violentamente de tamanho.
Os centros de cada
célula representam o ponto em que o plasma quente está inchando e se
expandindo, enquanto as bordas pretas mostram o momento que o plasma esfria,
retrocede e cai de volta à superfície, como um caldo borbulhante sempre em
movimento.
Apesar de na foto
parecerem pequenas, cada uma dessas células é enorme, com áreas que superam a
da França, por exemplo.
A nova foto é tão
detalhada que capturou até estruturas bem menores, com apenas 30 km de largura,
algo nunca antes observado diretamente pelos cientistas. Segundo Thomas
Rimmele, diretor do DKIST, a imagem tem uma resolução cinco vezes maior do que
as fotos do segundo melhor telescópio solar existente até então.
O telescópio faz
parte do Observatório Solar americano e é o maior de todos os telescópios
solares existentes, possuindo um espelho de quatro metros de altura. Ele está
localizado no vulcão Haleakalā na ilha havaiana de Maui, que tem mais de três
mil metros. Para lidar com o intenso calor da luz solar sem que o espelho
derreta, o equipamento é constantemente resfriado por um sofisticado mecanismo
que inclui enormes tanques de gelo e potentes jatos de ar frio.
Uma nova era de
astronomia solar
A fotografia é a
primeira das muitas observações esperadas por parte do telescópio DKIST, mas
ele não é o único a começar a explorar nossa estrela. A Sonda Solar Parker, da
Nasa, foi lançada em 2018 e está se aproximando cada vez mais do Sol enquanto
coleta dados inéditos e bastante reveladores. Enquanto isso, o Orbitador Solar
da Agência Espacial Europeia (ESA) está previsto para ser lançado em 7 de
fevereiro de 2020 e também promete oferecer fotos incríveis, como o primeiro
registro dos polos da estrela.
Fonte: Super Interessante
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