Universos virtuais estão sendo gerados para estudarmos estranhas estruturas gigantescas
Cientistas criaram uma
ferramenta de inteligência artificial capaz de gerar universos virtuais
complexos para modelar processos cósmicos gigantescos, como a teia de filamentos
e nós feita de matéria escura que permeia o universo.
Dark
Emulator
Chamado de “Dark Emulator”, o
programa utiliza aprendizagem de máquina para tentar prever o comportamento de
estruturas de larga escala no universo. A
matéria escura é uma substância misteriosa que os pesquisadores pensam ser
responsável pela maior parte da massa do universo, que por sua vez é permeado
por uma teia cósmica feita desse material.
Essa e outras estruturas
massivas parecem guiar a evolução das galáxias, mas os cientistas desconhecem
seus mecanismos exatos, uma vez que a matéria escura não emite luz e é
extremamente difícil de detectar. É aqui que entra o Dark Emulator.
“Há muito tempo trabalhamos
na construção de previsões teóricas mais precisas da estrutura cosmológica em
larga escala”, disse o principal autor do estudo, Takahiro Nishimichi,
cosmologista do Instituto Yukawa de Física Teórica da Universidade de Kyoto
(EUA), à Vice.
Novos
dados
Esse é um excelente momento
para uma ferramenta como o Dark Emulator uma vez que novos instrumentos e
observatórios, como o Instrumento Espectroscópico de Energia Escura (DESI, na
sigla em inglês) e o Grande Telescópio de Levantamento Sinóptico (LSST, na
sigla em inglês), devem fornecer aos cientistas dados cada vez mais precisos em
breve.
Para interpretar corretamente
essas informações, principalmente no que diz respeito a estruturas gigantescas
confusas do universo, os cientistas precisam de simulações avançadas que
delineiem a forma como a matéria escura influencia a formação e distribuição de
galáxias.
“Existem boas razões para
acreditarmos que as galáxias se formam provavelmente em regiões nas quais a
matéria escura se aglomera, mas a relação exata entre formação galáctica e
conteúdo de matéria escura nessas regiões não é totalmente compreendida”,
afirmou Nishimichi.
O Dark Emulator pode ajudar a
resolver essa questão, uma vez que é programado para levar em conta esse viés e
concentrar-se nas propriedades das regiões dos halos (ou aglomerados) de
matéria escura onde é mais provável que as galáxias se formem.
Vantagens
Uma das vantagens do Dark
Emulator é que ele reúne os resultados de vários simuladores ao mesmo tempo, o
que o torna muito mais eficaz do que modelos de previsão anteriores que geravam
relações menos complexas entre os parâmetros e os resultados simulados.
Para chegar nesse ponto, a
equipe de pesquisa precisou passar três anos construindo um banco de dados
enorme nos supercomputadores astronômicos mais potentes do mundo, o ATERUI e
ATERUI II, atualmente no Observatório Nacional Astronômico do Japão.
Agora que está operacional,
no entanto, o Dark Emulator pode gerar universos virtuais em segundos.
E o que é melhor: quando os
pesquisadores querem modelar alguma situação nova, não têm que treinar a
inteligência artificial novamente; podem simplesmente reaproveitar as
informações que a máquina já “aprendeu” usando um novo conjunto de equações.
Aplicações
Por enquanto, o Dark Emulator
já foi capaz de prever padrões 3D de distribuição de galáxias com uma margem de
erro de apenas 2% utilizando dados do Sloan Digital Sky Survey. Os cientistas também alimentaram o simulador
com informações da Hyper Suprime-Cam do Telescópio Subaru a fim de isolar os
efeitos sutis de lentes gravitacionais, um fenômeno no qual campos
gravitacionais interferem com a luz emitida de fontes por trás deles.
Próximos
passos
Os pesquisadores esperam que
o Dark Emulator ajude os cosmólogos a criar modelos mais precisos da teia
cósmica e da natureza da matéria escura.
“A natureza da matéria e
energia escuras são os alvos mais importantes que podemos abordar com o Dark
Emulator. Quando o aplicamos à observação de estruturas em larga escala,
podemos obter estimativas independentes e robustas desses parâmetros”, concluiu
Nishimichi.
Um artigo sobre o estudo foi
publicado na revista científica The Astrophysical Journal.
Fonte: Hypescience.com
[Vice]
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