Os últimos suspiros de uma estrela massiva
No que toca à
astronomia, Betelgeuse tem sido ultimamente o centro das atenções por parte dos
media. A supergigante vermelha está a chegar ao final da sua vida e, quando uma
estrela com mais de 10 vezes a massa do Sol morre, fá-lo de maneira
espetacular. Quando o seu brilho caiu recentemente para o valor mais baixo dos
últimos cem anos, muitos entusiastas do espaço ficaram excitados com o facto de
Betelgeuse se tornar em breve uma supernova, explodindo numa exibição
deslumbrante que poderá ser visível até durante o dia.
Embora a famosa estrela
no ombro de Orionte vá provavelmente chegar ao fim da sua vida daqui a algumas
dezenas de milhares de anos - meros dias, de um ponto de vista do tempo cósmico
- os cientistas continuam a afirmar que a queda de brilho foi devida à pulsação
da estrela. O fenómeno é relativamente comum entre as gigantes vermelhas e há
décadas que sabemos que Betelgeuse pertence a esse grupo.
Por coincidência,
investigadores da Universidade da Califórnia em Santa Barbara já fizeram
previsões sobre o brilho da supernova que resultaria quando uma estrela
pulsante como Betelgeuse explodisse.
O estudante de Física
Jared Goldberg publicou um estudo juntamente com o professor Lars Bildsten,
diretor do KITP (Kavli Institute for Theoretical Physics), e Bill Paxton,
também do KITP, no qual detalham como a pulsação de uma estrela afetará a
explosão resultante quando esta chegar ao seu fim da sua vida. O artigo foi
publicado na revista The Astrophysical Journal.
"Nós queríamos
saber como seria se uma estrela pulsante explodisse em diferentes fases da
pulsação," disse Goldberg, investigador da NSF (National Science
Foundation). "Os modelos anteriores são mais simples porque não incluem os
efeitos das pulsações que dependem do tempo."
Quando uma estrela do
tamanho de Betelgeuse finalmente fica sem material para fundir no seu centro,
perde a pressão externa que a impedia de colapsar sob o seu imenso peso. O
colapso resultante do núcleo ocorre em meio segundo, muito mais depressa do que
a superfície da estrela e as camadas externas inchadas demoram para perceber.
À medida que o núcleo de
ferro colapsa os átomos desassociam-se em eletrões e protões. Combinam-se para
formar neutrões e, no processo, libertam partículas altamente energéticas
chamadas neutrinos. Normalmente, os neutrinos interagem muito pouco com a
matéria - 100 biliões passam pelo nosso corpo a cada segundo sem uma única
colisão. Dito isto, as supernovas estão entre os fenómenos mais poderosos do
Universo. Os números e as energias dos neutrinos produzidos no colapso do
núcleo são tão imensos que embora apenas uma pequena fração colida com o
material estelar, geralmente é mais do que suficiente para lançar uma onda de
choque capaz de fazer explodir a estrela.
Essa explosão resultante
atinge as camadas externas da estrela com uma energia estupenda, criando uma
explosão que pode ofuscar brevemente uma galáxia inteira. A explosão permanece
brilhante durante mais ou menos 100 dias, já que a radiação só pode escapar uma
vez que o hidrogénio ionizado se recombina com os eletrões perdidos para se
tornar neutro novamente. Isto ocorre de fora para dentro, o que significa que
os astrónomos conseguem ver cada vez mais profundamente a supernova com o
passar do tempo até que finalmente a luz do centro possa escapar. Nesse ponto,
tudo o que resta é o brilho fraco das partículas radioativas, que podem
continuar a brilhar durante anos.
As características de
uma supernova variam com a massa da estrela, com a energia total da explosão e,
principalmente, com o seu raio. Isto significa que a pulsação de Betelgeuse
complica a previsão de como irá explodir.
Os investigadores
descobriram que se a estrela inteira estiver a pulsar em uníssono - como que a
"inspirar" e a "expirar" - então a supernova comportar-se-á
como se Betelgeuse fosse uma estrela estática com um determinado raio. No
entanto, as diferentes camadas da estrela podem oscilar umas contra as outras:
as camadas exteriores podem expandir-se enquanto as camadas intermédias
contraem, e vice-versa.
Para o caso de pulsação
simples, o modelo da equipa produziu resultados semelhantes aos modelos que não
consideravam a pulsação. "Parece uma supernova de uma estrela maior ou
menor em diferentes pontos da pulsação," explicou Goldberg. "Quando começamos
a ter em conta as pulsações mais complicadas, quando há coisas que se movem
para dentro ao mesmo tempo que coisas se movem para fora - é que o nosso modelo
realmente produz diferenças visíveis," explicou.
Nestes casos, os
cientistas descobriram que à medida que a luz sai das camadas progressivamente
mais profundas da explosão, as emissões parecem o resultado de supernovas de
estrelas de diferentes tamanhos.
"A luz da parte da
estrela que é comprimida é mais fraca," realçou Goldberg, "exatamente
como seria de esperar de uma estrela mais compacta e sem pulsação." Ao
mesmo tempo, a luz de partes da estrela que se expandiam seria mais brilhante,
como se viesse de uma estrela maior e não pulsante."
Fonte: Astronomia OnLine
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