Determinando idades estelares para uma perspetiva mais detalhada da "montagem" da Via Láctea

Imagem infravermelha obtida pelo Telescópio Espacial Spitzer da NASA que mostra centenas de milhares de estrelas que povoam o núcleo rodopiante da nossa Galáxia espiral, a Via Láctea. No visível, esta região não pode ser observada de todo devido à poeira situada entre a Terra e o Centro Galáctico, que bloqueia a nossa vista.Crédito: NASA/JPL-Caltech

Os cientistas conseguiram datar com sucesso algumas das estrelas mais antigas da nossa Galáxia com uma precisão sem precedentes, combinando dados das oscilações das estrelas com informações sobre a sua composição química.  

A equipa, liderada por investigadores da Universidade de Birmingham, estudou cerca de cem estrelas gigantes vermelhas e foi capaz de determinar que algumas delas faziam originalmente parte de uma galáxia satélite chamada Gaia-Encélado, que colidiu com a Via Láctea no início da sua história. 

Os resultados, publicados na revista Nature Astronomy, revelaram que o grupo de estrelas estudadas têm todas idades semelhantes, ou são ligeiramente mais jovens do que a maioria das estrelas conhecidas por terem iniciado as suas vidas dentro da Via Láctea. Isto corrobora as teorias existentes que sugerem que a Via Láctea já havia começado a formar uma fração significativa das suas estrelas quando ocorreu a fusão com Gaia-Encélado (também conhecida como Salsicha Gaia). 

Na época da colisão, a Via Láctea já estava a formar estrelas com eficiência, muitas das quais agora residem no seu disco espesso, uma das duas estruturas em forma de disco que compõem a Galáxia. 

Josefina Montalbán, da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Birmingham, autora principal do artigo científico, disse: "A composição química, a localização e o movimento das estrelas que podemos observar hoje na Via Láctea contêm informações preciosas sobre a sua origem. À medida que aumentamos o nosso conhecimento de como e quando estas estrelas foram formadas, podemos começar a melhor entender como a fusão de Gaia-Encélado com a Via Láctea afetou a evolução da nossa Galáxia." 

Ao fazer os cálculos, a equipa usou dados de asterosismologia do satélite Kepler em combinação com dados dos instrumentos Gaia e APOGEE. Todos os três estão configurados para recolher dados e assim ajudar os cientistas a mapear e caracterizar estrelas na Via Láctea. 

A asterosismologia é uma técnica relativamente nova, que mede as frequências e amplitudes relativas dos modos naturais de oscilação das estrelas. Isto permite que os cientistas reúnam informações sobre o tamanho e sobre a estrutura interna das estrelas, o que permite fazer estimativas precisas da sua idade. 

Nesta investigação, a equipe usou informações sobre os modos de oscilação individuais de cada estrela, ao invés de propriedades médias das suas pulsações. Também foram capazes de usar a asterosismologia em combinação com a espectroscopia - que permite que a composição química das estrelas seja medida. 

O professor Andrea Miglio, da Universidade de Bolonha e coautor do estudo, acrescentou: "Nós mostrámos o enorme potencial da asterosismologia em combinação com a espectroscopia para fornecer idades relativas precisas para estrelas individuais muito velhas. Juntas, estas medições contribuem para melhorar a nossa visão sobre os primeiros anos da nossa Galáxia e prometem um futuro brilhante para a arqueoastronomia Galáctica."

Fonte: Astronomia OnLine

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