Telescópio Hubble confirma falta de matéria escura em algumas galáxias

Pesquisadores conseguiram explicar o movimento das estrelas de duas galáxias vizinhas à Via Láctea com base apenas em suas massas estelares, o que evidencia a falta de matéria escura

Acima, a galáxia NGC 1052-DF2 que, segundo novas evidências, não apresenta matéria escura – considerada a "cola invisível" que mantém as estrelas unidas dentro de uma galáxia (Foto: NASA, ESA, Z. Shen and P. van Dokkum (Yale University), and S. Danieli (Institute for Advanced Study))

Em estudo publicado no periódico científico Astrophysical Journal Letters no último dia 9 de junho, pesquisadores confirmam uma suspeita que intrigava astrônomos desde 2018. À época, imagens captadas pelo telescópio espacial Hubble, da Nasa, levantaram a hipótese de que uma galáxia próxima à Via Láctea — a NGC 1052-DF2 — aparentava ter pouca ou nenhuma matéria escura, considerada a “cola” invisível que mantém as estrelas dentro de uma galáxia. 

Agora, após comparar a distância entre esse corpo celeste e suas vizinhas — como a UDG NGC1052-DF4 —, a equipe “bateu o martelo” e provou que, ao contrário do que se pensava até então, algumas galáxias podem, sim, sobreviver sem matéria escura. 

A descoberta é baseada em imagens obtidas por 40 órbitas do telescópio Hubble e, ao contrário da pesquisa de 2018, não dependeu de “flutuações de brilho da superfície” para medir a distância, o que, segundo os pesquisadores, foi crucial para chegar a dados mais acurados. "Saímos em um limbo com nossas observações iniciais do Hubble desta galáxia em 2018", avalia, em comunicado, Pieter van Dokkum, professor de astronomia e física da Universidade Yale, nos Estados Unidos, e colíder da investigação. 

"A nova medição relatada neste estudo tem implicações cruciais para estimar as propriedades físicas da galáxia, confirmando assim sua falta de matéria escura”, acrescenta Shany Danieli, pesquisadora do NASA Hubble Fellowship Program (NHFP), que também liderou a pesquisa recém-divulgada.

Os dados indicam que, enquanto a galáxia DF2 e sua vizinha DF4 são comparáveis em tamanho à nossa galáxia, suas massas são apenas cerca de 1% a da Via Láctea, o que significa que elas são “ultradifusas”. Segundo o estudo, ainda, a dupla apresenta uma grande população de aglomerados globulares especialmente luminosos. 

Em ambas as galáxias, os pesquisadores foram capazes de explicar o movimento das estrelas com base apenas na massa estelar, sugerindo uma ausência de matéria escura — que, de acordo com o modelo cosmológico padrão, seria o único suporte das galáxias para manter as estrelas unidas. Agora, os pesquisadores planejam investigar quão comuns são esses corpos celestes e como eles são formados.

Fonte: Revista Galileu

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