Núcleo de Saturno é difuso e mais massivo do que se pensava, aponta estudo

Análise de dados da sonda Cassini, da Nasa, sugere que o interior do planeta é formado por uma mistura de gelo, rocha e fluidos metálicos — e seria 55 vezes mais massivo que a Terra

Acima, imagem capturada pela espaçonave Cassini da Nasa de 6 de dezembro de 2007 mostra duas sombras cruzando a superfície de Saturno (Foto: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute)

A superfície de Saturno é descrita pelo cientista Christopher Mankovich como um “lago que se agita lentamente”: a cada uma ou duas horas, a área se move cerca de um metro, causando pequenas ondulações em seus anéis. É por esse motivo que os anéis do planeta — formados por bilhões de fragmentos de gelo e rochas espaciais — são usados pelos pesquisadores como uma espécie de “sismógrafo” para estudar o interior do gigante gasoso. 

Foi o que fizeram Mankovich e seus colegas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos que, em um estudo publicado no periódico Nature Astronomy nesta segunda-feira (16), compartilharam novas informações sobre o núcleo do planeta anelado. A análise sugere que, ao contrário do que propunham algumas teorias até o momento, o interior do corpo celeste não é rochoso: na verdade, é uma mistura de gelo, rocha e fluidos metálicos,  o que a ciência chama de “núcleo difuso”. 

As conclusões foram obtidas após a análise dos dados coletados pela sonda Cassini, da Nasa, que orbitou Saturno por 13 anos antes de se desintegrar em sua atmosfera em 2017. As ondulações gravitacionais observadas indicam que o interior do planeta é composto por camadas estáveis que teriam se formado após materiais pesados afundarem até metade de sua área e, em seguida, pararem de se misturar com os elementos mais leves acima deles. 

Ilustração mostra núcleo difuso de Saturno, formado por uma mistura de gelo, rocha e fluidos metálicos (Foto: Caltech/R. Hurt (IPAC))

“Os núcleos difusos são como lama”, explica Mankovich, principal autor do estudo, em comunicado. "O hidrogênio e o gás hélio no planeta se misturam gradualmente com mais e mais gelo e rocha conforme você se move em direção ao centro do planeta. É um pouco como partes dos oceanos da Terra, onde o sal aumenta conforme você atinge níveis cada vez mais profundos, criando uma configuração de ambiente estável", avalia o pesquisador de ciências planetárias do Caltech. 

enário semelhante foi apontado por evidências mais recentes da missão Juno, sugerindo que Júpiter também pode ter um núcleo difuso. Essas descobertas, segundo o estudo, desafiam as teorias atuais sobre como se deu a formação de planetas gigantes gasosos. De acordo com esses modelos, os núcleos rochosos são os primeiros a se formar e depois atraem envoltórios de gás ao seu redor. Se o interior de Saturno e Júpiter for realmente difuso, isso pode significar que o gás é uma das primeiras etapas desse processo. 

Mais massivo do que se pensava 

Outro dado também surpreendeu os pesquisadores: a pesquisa indica que o interior de Saturno é 55 vezes mais massivo do que a Terra. No total, 17 massas terrestres do núcleo são compostas por gelo e rocha, sendo o restante um fluído de hidrogênio e hélio. O núcleo difuso se estende por 60% do diâmetro do planeta, tornando-o significativamente maior do que estimativas anteriores. 

"Esta é a primeira vez que podemos sondar sismicamente a estrutura de um planeta gigante gasoso, e os resultados foram bastante surpreendentes”, afirma Jim Fuller, professor assistente de astrofísica teórica do Caltech e coautor do estudo. “Essa distribuição gradual de elementos pesados ​​restringe os processos de mistura em funcionamento em Saturno e pode refletir a estrutura primordial do planeta e a sua história de acúmulo”, antecipa o documento.

Fonte: Galileu

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