Dados de telescópio aposentado pela Nasa revelam cinco supernovas inéditas

 Especializado em detectar radiação infravermelha, telescópio Spitzer conseguiu localizar supernovas que se encontravam obscurecidas pela poeira em regiões distantes do Universo

Imagem mostra a galáxia Arp 148, capturada pelos telescópios Spitzer e Hubble da Nasa. Dentro do círculo branco estão os dados do Spitzer que revelam a luz infravermelha de uma supernova até então oculta pela poeira. (Foto: NASA/JPL-Caltech )

Detectar supernovas em regiões mais distantes do Universo não é uma tarefa fácil. A quantidade de poeira cósmica produzida dentro das galáxias onde essas explosões estelares têm origem é tamanha a ponto de absorver e espalhar a sua luz visível, impedindo-a de alcançar a lente dos telescópios ópticos. Por isso, os astrofísicos estimam que o número de supernovas já observadas até o momento está muito aquém da realidade — mas essa discrepância, que prejudica o entendimento sobre a formação das estrelas, pode estar mais perto de ser solucionada.

É o que estima um estudo publicado recentemente no periódico científico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Nele, pesquisadores descrevem cinco supernovas que, antes despercebidas à luz óptica, foram capturadas pela primeira vez a partir do telescópio espacial Spitzer, um instrumento aposentado pela Nasa em janeiro de 2020 que é especializado em detectar radiação infravermelha. 

Na busca por “supernovas escondidas”, a equipe analisou os dados obtidos pelo satélite acerca de 40 galáxias localizadas a 200 megaparsecs (6,2 x 10^21Mpc) da Via Láctea, em uma distância onde se concentram galáxias mais empoeiradas. A poeira produzida por esses corpos celestes — conhecidos como galáxias infravermelhas luminosas (LIRGs) e ultra luminosas (ULIRGs) — absorve a luz óptica de supernovas, enquanto a luz infravermelha pode passar pela poeira. 

O fato foi constatado quando os cientistas localizaram nos dados coletados pelo Spitzer o quinteto inédito de supernovas, nunca antes vistas por telescópios ópticos incapazes de detectar luz infravermelha.  "Esses resultados com o Spitzer mostram que as pesquisas ópticas nas quais confiamos há muito tempo para detectar supernovas perdem até metade das explosões estelares que acontecem no universo", avalia, em comunicado, Ori Fox, astrofísico do Space Telescope Science Institute, o centro científico de operações do Telescópio Espacial Hubble, nos Estados Unidos, e principal autor do estudo. 

As cinco supernovas têm massa 10 vezes maior que a do Sol e são do grupo das “supernovas de colapso do núcleo”, cuja origem se dá a partir do colapso gravitacional e violento do núcleo de uma estrela massiva. De acordo com os pesquisadores, os achados são uma prova do potencial do Spitzer na descoberta de explosões estelares que, embora altamente energéticas, são “invisíveis” à luz óptica. 

Embora o Spitzer tenha “resolução relativamente pobre”, o estudo sugere que o satélite abre caminho para que os telescópios da próxima geração, a exemplo do Telescópio Espacial Nancy Grace Roman e o Telescópio James Webb, ambos da Nasa, também sejam capazes de caçar supernovas escondidas, uma vez que detectar luz infravermelha estará entre seus atributos. 

Se você souber quantas estrelas estão se formando, poderá prever quantas estrelas explodirão, ou vice-versa”, avalia Fox, ressaltando a importância da descoberta para a melhor compreensão da evolução das supernovas. "Compreender essa relação é fundamental para muitas áreas de estudo em astrofísica.”

Fonte: Revista Galileu

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