Nasa identifica "sinfonia" de estrelas gigantes vermelhas

 Com observações da sonda TESS, astrônomos identificaram mais de 158 mil gigantes vermelhas pulsantes, que emitem ondas sonoras a partir de variações gasosas

Sonda TESS da Nasa identifica "sinfonia" de estrelas gigantes vermelhas (Foto: NASA’s Goddard Space Flight Center/Chris Smith (KBRwyle))

Graças a observações da sonda Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), astrônomos da Nasa agora conhecem uma quantidade inédita de gigantes vermelhas pulsantes no espaço. Eles identificaram mais de 158 mil estrelas em fase avançada da evolução, a partir das quais terão mais informações para investigar a estrutura interna desses corpos celestes. 

Direcionado a buscar exoplanetas, o TESS também tem uma alta sensibilidade em captar brilho de estrelas, o que possibilita a detecção de oscilações estelares — campo de estudo chamado de asterosismologia. A partir das variações gasosas próximas à superfície das estrelas, essas oscilações são produzidas por ondas sonoras. E é por isso que a Nasa apelidou a descoberta de “exploração sinfônica”. 

Em estrelas como o Sol, o gás quente sobe para perto da superfície, depois esfria e desce, onde se aquece novamente. Esse movimento gera mudanças de pressão que se traduzem em ondas; após as interações entre elas, são produzidas mudanças de brilho.

Enquanto o Sol observa tais oscilações em proporções pequenas — na ordem de algumas partes por milhão —, astros gigantes na penúltima fase de sua vida estelar têm variações de brilho muito mais intensas. Ao sofrerem uma expansão cerca de dez vezes maior em suas camadas externas, as gigantes vermelhas passam a pulsar mais lentamente.

A oscilação de cada estrela depende de sua estrutura interior, massa e tamanho. Por isso, a asterosismologia pode ajudar a determinar propriedades estelares de um grande número de astros de forma nunca antes alcançada.

"Nosso resultado inicial mostra que podemos determinar as massas e tamanhos dessas gigantes oscilantes com tamanha precisão que só tende a melhorar à medida que o TESS continuar [seu trabalho]", diz Marc Hon, bolsista do programa Hubble da Nasa, em comunicado. Segundo ele, o grande diferencial do trabalho, publicado no Astrophysical Journal, é a forma como o TESS é capaz de realiazar uma cobertura ampla e com medições uniformes em quase todo o céu. 

Ao longo dos dois primeiros anos de observação, a sonda capturou cerca de 75% do céu por meio de quatro câmeras. As imagens foram usadas para desenvolver gráficos de quase 24 milhões de estrelas e, a partir dos dados de alguns milhares de gigantes pulsantes, os pesquisadores treinaram um algoritmo para reconhecer outras estrelas do tipo, chegando ao impressionante número de 158.505 gigantes pulsantes. 

A partir de informações da missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), os cientistas buscaram medir as distâncias para cada gigante e medir suas massas através do céu. Eles observaram que a faixa brilhante de estrelas na Via Láctea não é um fenômeno exclusivo da nossa galáxia. 

"Nosso mapa demonstra pela primeira vez empiricamente que este é o caso em quase todo o céu", afirma o coautor Daniel Huber, professor de astronomia na Universidade do Havaí. "Com a ajuda de Gaia, o TESS nos deu ingressos para um show gigante vermelho no céu."

Fonte: Galileu

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