Novo estudo revela formação estelar nunca antes vista na Via Láctea

 Imagem GLOSTAR, usando dados do VLA e do Effelsberg, mostra um segmento do disco da Via Láctea, revelando rastreadores nunca antes vistos de formação estelar massiva. Crédito: Brunthaler et al., Sophia Dagnello, NRAO/AUI/NSF

Astrónomos, usando dois dos radiotelescópios mais poderosos do mundo, fizeram um levantamento detalhado e sensível de um grande segmento da nossa Galáxia - a Via Láctea - detetando rastreadores nunca antes vistos de formação estelar massiva, um processo que domina os ecossistemas galácticos. Os cientistas combinaram as capacidades do VLA (Karl G. Jansky Very Large Array) da NSF (National Science Foundation) e do Telescópio Effelsberg de 100 metros na Alemanha para produzir dados de alta qualidade que servirão aos investigadores durante anos. 

Estrelas com mais de dez vezes a massa do nosso Sol são componentes importantes da Galáxia e afetam fortemente os seus arredores. No entanto, entender como estas estrelas massivas são formadas mostra-se um desafio para os astrónomos. Nos últimos anos, este problema foi resolvido estudando a Via Láctea numa variedade de comprimentos de onda, incluindo rádio e infravermelho. Este novo levantamento, chamado GLOSTAR (Global view of the Star formation in the Milky Way), foi projetado para aproveitar as vantagens dos recursos amplamente aprimorados que um projeto de atualização concluído em 2012 deu ao VLA e assim produzir dados anteriormente impossíveis de obter. 

O GLOSTAR entusiasmou os astrónomos com novos dados sobre os processos de nascimento e morte de estrelas massivas, bem como sobre o ténue material entre as estrelas. A equipa de investigadores do GLOSTAR publicou uma série de artigos na revista Astronomy & Astrophysics relatando os resultados iniciais do seu trabalho, incluindo estudos detalhados de vários objetos individuais. As observações continuam e posteriormente serão publicados mais resultados. 

O levantamento detetou rastreadores reveladores dos estágios iniciais da formação de estrelas massivas, incluindo regiões compactas do gás hidrogénio ionizado pela poderosa radiação de estrelas jovens e emissão de rádio de moléculas de metanol que podem apontar a localização de estrelas muito jovens ainda profundamente envoltas pelas nuvens de gás e poeira onde se estão a formar. 

O levantamento também encontrou muitos novos vestígios de explosões de supernova - as mortes dramáticas de estrelas massivas. Estudos anteriores haviam encontrado menos de um-terço do número esperado de remanescentes de supernova na Via Láctea. Na região que estudou, GLOSTAR mais que duplicou o número encontrado usando apenas os dados do VLA, e espera-se que mais apareçam nos dados do Effelsberg. 

"Este é um passo importante para resolver este mistério de longa data dos remanescentes de supernova perdidos," disse Rohit Dokara, estudante de doutoramento no Instituto Max Planck para Radioastronomia e autor principal de um artigo sobre os remanescentes. 

A equipa GLOSTAR combinou dados do VLA e do telescópio Effelsberg para obter uma visão completa da região estudada. O VLA - um interferómetro - combina os sinais de antenas amplamente separadas para fazer imagens com resolução muito alta que mostram pequenos detalhes. No entanto, este sistema geralmente não consegue detetar estruturas em grande escala. O telescópio Effelsberg de 100 metros de diâmetro forneceu os dados sobre estruturas maiores do que aquelas que o VLA poderia detetar, tornando a imagem completa.

 "Isto demonstra claramente que o telescópio Effelsberg ainda é muito importante, mesmo após 50 anos de operação," disse Andreas Brunthaler do Instituto Max Planck para Radioastronomia, líder do projeto e autor principal do artigo geral do levantamento. 

A luz visível é fortemente absorvida pela poeira, que as ondas de rádio podem penetrar prontamente. Os radiotelescópios são essenciais para revelar as regiões envoltas em poeira nas quais as estrelas jovens se formam. 

Os resultados do GLOSTAR, combinados com outros levantamentos no rádio e no infravermelho, "fornecem aos astrónomos um censo quase completo de enxames formadores de estrelas massivas em vários estágios de desenvolvimento, e isso terá valor duradouro para estudos futuros," disse o membro da equipa William Cotton, do NRAO (National Radio Astronomy Observatory), que é especialista em combinar dados de interferómetro e de telescópio singular. 

"O GLOSTAR é o primeiro mapa do Plano Galáctico em comprimentos de onda de rádio que deteta muitos dos importantes rastreadores de formação estelar em alta resolução espacial. A deteção de linhas espectrais atómicas e moleculares é fundamental para determinar a localização da formação de estrelas e para melhor entender a estrutura da Galáxia," disse Dana Balser, também do NRAO.

 O iniciador do GLOSTAR, Karl Menten do Instituto Max Planck para Radioastronomia, acrescentou: "É ótimo ver a bela ciência resultante da união de forças de dois dos nossos radiotelescópios favoritos."

Fonte: Astronomia On-Line

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mu Cephei

Cavalo-marinho cósmico

Eta Carinae

Fobos sobre Marte

Astrônomos encontram planetas ‘inclinados’ mesmo em sistemas solares primitivos

Nebulosa Crew-7

Agitando o cosmos

Júpiter ao luar

Galáxia Messier 101

Ganimedes de Juno