Pesquisador descobre como criar buracos de minhoca — mas há um porém!
Se você quiser voltar de uma viagem por um buraco de minhoca, precisará de uma gravidade estranha.
Embora não seja possível avançar ou retroceder no tempo viajando à
velocidade da luz, há outras propostas interessantes para se deslocar no espaço
e visitar nossos avós no passado distante. Talvez a mais famosa das propostas
seja o buraco de minhoca, uma espécie de túnel no espaço-tempo que liga dois
pontos no universo, criando um atalho entre eles. Por enquanto, esses atalhos
parecem impossíveis, mas um novo estudo mostra que talvez tudo o que precisamos
seja uma compreensão aprimorada da gravidade.
Para fazer o seu próprio buraco de minhoca na sua casa, você precisa apenas de um bom conhecimento da Teoria da Relatividade Geral e suas fórmulas matemáticas. Isso, em tese, permitiria chegar a resultados teóricos bem satisfatórios, porém seu buraco seria instável e colapsaria quando o primeiro fóton entrasse por ele. Felizmente, esse problema pode ser resolvido com um bocado de algo conhecido como “matéria exótica”.
Essa matéria exótica é algo que tem massa negativa e, portanto, pode
ser convertida em energia negativa. Com isso, nosso buraco de minhoca ficaria
estável o suficiente para que algum objeto possa atravessá-lo. O problema: não
temos evidência de que esse tipo de matéria exista no universo. Entretanto,
isso não impede o físico português João Rosa de tentar encontrar outras
maneiras de tornar os buracos de minhocas reais.
Para superar os obstáculos, Rosa precisa encarar um grande desafio. É que toda a matemática usada para criar buracos de minhoca teóricos é baseada na Relatividade Geral, mas essa teoria em si já tem suas limitações. Por exemplo, ela é incapaz de descrever os centros dos buracos negros e ainda não é compatível com a física quântica. Isso não significa que Einstein estava errado, mas talvez alguma coisa esteja faltando — por isso muitos físicos estão tentando “quebrar” a Relatividade Geral.
Em seu novo artigo, publicado no arXiv e ainda aguardando revisão de pares, Rosa usou uma forma ajustada da teoria de Einstein, chamada gravidade híbrida generalizada-Palatini. É uma hipótese que se baseia na Relatividade Geral, mas permite mais flexibilidade nas relações entre matéria/energia e espaço/tempo. Ela também permite buracos de minhoca atravessáveis, mas também exige energia negativa fora da “garganta” do buraco.
Contudo, Rosa encontrou uma maneira inteligente de “driblar” essas restrições. Ele descobriu que ao colocar as entradas dos buracos de minhoca em camadas, como cascas de cebola duplas e finas, feitas de matéria comum, o buraco de minhoca se torna atravessável — sem precisar de qualquer energia negativa ou matéria exótica. Isso parece um grande avanço, embora dependa do quão a gravidade híbrida generalizada é válida.
Fonte: canaltech.com.br
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