Radiotelescópio Meerkat revela os segredos escondidos de uma radiogaláxia

A rádio galáxia Fanaroff-Riley Tipo I IC 4296 domina esta vista espetacular, mais ampla do que a lua cheia no céu. Os dados de rádio MeerKAT são representados em tons de vermelho / laranja nesta visualização composta. A imagem de luz visível do SuperCOSMOS Sky Survey mostra a galáxia elíptica gigante central, bem como várias galáxias não relacionadas e estrelas em primeiro plano na Via Láctea. Crédito: SARAO, SSS, S. Dagnello e W. Cotton (NRAO / AUI / NSF). Adaptado de J. Condon et al., “ Threads, Ribbons, and Rings in the Radio Galaxy IC 4296 ” (The Astrophysical Journal, no prelo).

Um novo estudo, usando o radiotelescópio MeerKAT produziu uma bela imagem mostrando a combinação de características cósmicas nunca antes vistas, revelando detalhes inesperados de mecanismos internos das enormes radiogaláxias.  No centro da gigantesca galáxia elíptica IC 4296, existe um buraco negro em rotação com uma massa de bilhões de vezes a massa do Sol. A energia lançada pela matéria caindo no buraco negro gera dois jatos em ondas de rádio em direções opostas contendo campos magnéticos e elétrons relativísticos. Depois de viajar pelo espaço intergaláctico à velocidade da luz por cerca de 160 milhões de anos, essas ondas de rádio foram detectados pelo telescópio MeerKAT do South African Radio Astronomy Observatory, localizado na região de Karoo no norte da Província do Cabo na África do Sul.  

Os espinhos brilhantes dos jatos inicialmente emitidos em linha reta, se tornam instáveis fora da galáxia, onde alguns dos seus elétrons escapam e criam apagados filamentos em ondas de rádio, abaixo da IC 4296. Entre os jatos brilhantes e os lobos externos existem faixas suaves preenchendo os canais escavados no gás ao redor por jatos extintos de um período anterior de atividade. As faixas são eventualmente paradas pelo gás intergaláctico, aproximadamente a um milhão de anos-luz de distância da galáxia central, uma distância equivalente a 10 vezes o diâmetro da Via Láctea, e assim formam anéis de algo parecido com uma fumaça, que são visíveis no lobo de ondas de rádio na parte esquerda da imagem. 

Jim Condon, do US National Radio Astronomy Observatory, é o principal autor do trabalho que foi aceito para publicação no The Astrophysical Journal e que resume a pesquisa feita por uma equipe de astrônomos da África do Sul e dos EUA. Jim Condon, disse que somente a combinação única da sensibilidade e da resolução angular do MeerKAT e o range dinâmico permitiram a descoberta desses filamentos, das faixas e dos anéis, nessa galáxia que já era bem estudada, mas onde essas características ainda estavam escondidas. 

Como notado por um revisor anônimo que leu o trabalho, “é claro que os novos resultados como esse do MeerKAT e de outros radiotelescópios que farão parte do gigantesco SKA irão servir para revisar de forma definitiva a nossa compreensão sobre o funcionamento das rádio galáxias”.

Fonte: Spacetoday.com.br

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