Asteroide com potência de mil bombas de Hiroshima destruiu cidade há 3,6 mil anos
A descoberta foi feita no sítio
arqueológico de Telel Hamã, Oriente Médio. Segundo os autores, a explosão pode
ter inspirado a história bíblica de Sodoma.
Allen West/Jennifer Rice/Creative Commons
Telel Hamã era uma cidade em ascensão durante a Idade do Bronze. Ela estava localizada próxima ao Mar Morto, no Oriente Médio, e era dez vezes maior que Jerusalém na época. Mas, no ano 1.650 a.C., um asteroide atingiu a cidade a uma velocidade de 61.000 quilômetros por hora. A rocha espacial explodiu no ar, a 4 quilômetros do chão, com 1.000 vezes a potência da Little Boy, a bomba atômica que destruiu Hiroshima em 1945.
Essa é a conclusão de um estudo publicado no periódico Scientific Reports. A pesquisa conta com a participação de 21 autores, entre arqueólogos, geólogos, especialistas em sedimentologia e pesquisadores de outras áreas. Hoje, Telel Hamã é um importante sítio arqueológico. Após 15 anos de escavações no local, os cientistas reconstruíram a história de como a cidade foi arrasada.
O pesquisador Christopher Moore escreve que quem estivesse olhando para o céu no momento da explosão teria ficado cego instantaneamente. A temperatura do ar rapidamente atingiu 2 mil ºC. Metais e cerâmica começaram a derreter, e a cidade ficou em chamas. A onda de choque gerada pela explosão atingiu 1.200 quilômetros por hora, demolindo todas as construções. Nenhum dos 8 mil habitantes sobreviveu – fragmentos de ossos são encontrados por toda a cidade.
O segredo para descobrir tudo isso está abaixo de Telel Hamã – mais precisamente, em uma faixa de 1,5 metro de espessura apelidada pelos arqueólogos de "camada da destruição". Ela contém carvão, cinzas, barro e cerâmica derretidos, além de vidro fundido com outros objetos. Estava claro que havia ocorrido um evento anômalo, mas os cientistas ainda não sabiam o quê.
A equipe de pesquisa de James Kennett, um dos autores do estudo, já estudava a explosão de um outro asteroide, que ocorreu há 12,8 mil anos. Eles encontraram semelhanças entre aquela explosão e o que viam na camada da destruição. Usando modelos computacionais, os pesquisadores calcularam as características e magnitude do evento em Telel Hamã.
Os sedimentos analisados foram submetidos a condições de pressão e temperatura elevados, que não condizem com uma erupção vulcânica ou um terremoto. A opção mais provável, então, é mesmo a explosão no ar. Segundo os autores, o acontecimento em Telel Hamã está no mesmo nível do Evento de Tunguska – um asteroide que derrubou 80 milhões de árvores na Rússia, em 1908.
Os pesquisadores também encontraram uma alta concentração de sal nas amostras do período. Eles acreditam que a explosão possa ter atingido o Mar Morto, fazendo a água salgada se depositar na região. Isso pode ter tornado não só Telel Hamã, mas toda a região próxima infértil.
Há um debate entre historiadores
sobre se Telel Hamã seria a cidade de Sodoma, descrita na Bíblia. O livro
descreve a devastação de um centro urbano próximo ao Mar Morto, em que pedras e
fogo caíram do céu, e todos os habitantes foram mortos. Os moradores de cidades
próximas, que presenciaram a região de Telel Hamã destruída, podem ter descrito
o cenário oralmente até que ele se tornasse a história bíblica de Sodoma. No
entanto, não há evidências científicas sobre isso além da semelhança com a
descrição bíblica.
Fonte: Super Interessante
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