Missão chinesa trouxe fragmentos exóticos da Lua

 Local de pouso da Chang'e-5 na Lua (43.06°N, 51.92°W), incluindo as crateras que são as prováveis origens dos fragmentos trazidos à Terra.[Imagem: Yuqi Qian et al. - 10.5194/epsc2021-447]

Rochas lunares exóticas 

As análises preliminares das amostras de poeira e rocha lunares trazidas à Terra pela missão chinesa Chang'e-5 trouxeram algumas confirmações sobre o que já se sabia, mas também trouxeram "novidades exóticas" que exigirão mais estudos. 

Em 16 de dezembro de 2020, a missão Chang'e-5 trouxe as primeiras amostras de solo e rochas lunares desde as missões Apolo (EUA) e Luna (URSS), há quase 50 anos. 

Há uma grande expectativa por novidades porque os 1.731 gramas de poeiras e rochas superficiais - além de um testemunho de sondagem recolhido a quase um metro de profundidade - foram coletados de áreas nunca visitadas por outras missões. 

Agora, uma equipe das universidades de Geociências da China, Brown (EUA) e Munique (Alemanha) apresentaram os primeiros resultados das análises desse material durante o Congresso Científico Europlaneta, que está acontecendo de modo virtual. 

As análises mostraram que as rochas lunares são as mais jovens já trazidas à Terra, com cerca de 90% consistindo em basalto, a rocha típica de derramamento vulcânico. Os outros 10%, porém, são o que os geólogos chamaram de "fragmentos exóticos", com composições inesperadas. 

Basalto lunar 

O estudo, apresentado por Yuqi Qian, sugere que 90% dos materiais coletados pela Chang'e-5 derivam do local de pouso da nave e seus arredores imediatos, que são de um tipo denominado "basaltos de mar". Essas rochas vulcânicas são visíveis como as áreas cinza mais escuras que se espalham por grande parte da Lua. 

Por outro lado, 10% dos fragmentos têm o que a equipe chama de "composições químicas exóticas", distintamente diferentes das outras amostras, o que significa que eles podem ter preservado registros de outras partes da superfície lunar ou indícios dos tipos de rochas espaciais que impactaram a superfície lunar. 

A Chang'e-5 pousou na borda oeste do lado da Lua voltado para a Terra, no Oceano das Tormentas do Norte (Oceanus Procellarum). Esta é uma das áreas geológicas mais recentes da Lua, com uma idade de aproximadamente dois bilhões de anos. 

Os materiais raspados da superfície constituem um solo solto que resulta da fragmentação e pulverização das rochas lunares ao longo de bilhões de anos devido a impactos. 

Vulcões na Lua 

As amostras contêm "gotas" microscópicas de material vítreo que resfriou rapidamente, o que permitiu que a equipe mapeasse suas origens mais prováveis. 

Eles rastrearam essas gotículas vítreas até aberturas vulcânicas agora extintas, conhecidas como Rima Mairan e Rima Sharp - rima é um termo em latim usado em geologia para descrever as depressões longas e estreitas, semelhantes a canais, observadas na superfície da Lua. 

Como essas duas formações estão localizadas a cerca de 230 e 160 quilômetros a sudeste e a nordeste do local de pouso da Chang'e-5, a equipe afirma que a presença de fragmentos tão distantes pode ser um indício de atividade vulcânica de alta energia na Lua, com jorros de lava "semelhantes a uma fonte". 

Já os tais fragmentos exóticos podem ter ligações com a cratera Harpalus, o que significa que essas rochas podem ter sido arremessadas até o local de pouso da Chang'e-5 a mais de 1.300 quilômetros.

Fonte: Site Inovação Tecnológica

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