Com algoritmo, astrônomos podem ter descoberto mais de 300 exoplanetas

 Pesquisa feita com base nos dados do telescópio Kepler traz resultados que representam grandes avanços no entendimento sobre formação planetária

Com algoritmo, astrônomos podem ter descoberto mais de 300 exoplanetas. Acima, uma ilustração do sistema Kepler-444. Descoberto anteriormente pelo telescópio da Nasa, ele se assemelha aos novos achados (Foto: Tiago Campante/Peter Devine via Nasa)

Um dos caminhos para entendermos melhor as características do nosso Sistema Solar consiste em procurar planetas fora dele. Nesse sentido, astrônomos acabaram de dar um passo importante. Em artigo publicado no periódico Astronomical Journal, a equipe internacional do projeto denominado Scaling K2 descreve a descoberta de 366 possíveis novos exoplanetas. 

O trabalho foi possível graças ao telescópio Kepler, da Nasa, que, durante a missão K2, tinha o objetivo de identificar exoplanetas nos arredores de estrelas distantes. Os resultados (cerca de 500 terabytes de informação com mais de 800 milhões de imagens) ajudaram os cientistas a entender como a localização de uma estrela no Universo influencia os tipos de planetas capazes de se formar ao redor dela. 

Somando-se a esse instrumento, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos, desenvolveram um algoritmo para detecção planetária que consegue solucionar uma das maiores dificuldades dos astrônomos: separar os sinais na galáxia que servem para indicar planetas e aqueles que são apenas ruídos. 

Esses indícios correspondem a reduções no brilho estelar, que podem vir de planetas ou de fontes astrofísicas alternativas que “imitam” uma assinatura desse tipo de astro. Por muito tempo, descobrir a verdadeira natureza desses sinais foi sinônimo de investigação extra, longos períodos de trabalho e inspeção visual. Mas o software recém-criado resolveu o problema. 

No total, foram detectados 747 candidatos a planetas, dos quais 366 são novos e 381 já haviam sido identificados em outras ocasiões. Também foram vistos 57 sistemas multiplanetários. “Estimamos que 91% dos nossos candidatos são sinais astrofísicos reais”, escrevem os autores do artigo. Vale lembrar que o feito é um avanço significativo para a ciência — isso porque, até agora, a população conhecida de exoplanetas não ultrapassa 5 mil. 

Entre os novos achados, que passarão a fazer parte do catálogo de exoplanetas da Nasa, há um especialmente surpreendente. Trata-se de um sistema planetário que inclui uma estrela e ao menos dois planetas gasosos gigantes (quase do tamanho de Saturno) localizados inusitadamente perto um do outro e da estrela hospedeira. Os cientistas ainda não sabem explicar os motivos por trás da ocorrência, mas acreditam que o esforço para formulação de hipóteses no futuro representará uma grande contribuição para a astronomia. 

Além de desencadear insights sobre quão incomum é o nosso Sistema Solar, o estudo de tantos exoplanetas irá auxiliar na compreensão do nascimento de planetas e da evolução das órbitas. “A descoberta de cada novo mundo fornece um vislumbre único sobre a física envolvida na formação de planetas”, afirma, em nota, Jon Zink, responsável pelo algoritmo e autor principal do artigo. 

A pesquisa indica ainda que estamos mais próximos de desvendar quais são os tipos de estrelas mais prováveis a terem planetas orbitando-as e o que isso sugere sobre os blocos de construção necessários para uma formação planetária bem sucedida. “Precisamos olhar para uma ampla variedade de estrelas, não apenas algumas como o nosso Sol, para entender isso”, diz Zink.

Fonte: GALILEU

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