Teoria alternativa à matéria escura passa em seu grande teste
Gravitação modificada
Um modelo cosmológico que não exige a matéria escura para explicar o
Universo superou um dos seus grandes obstáculos para coincidir com as
observações astronômicas. Os modelos MOND - que não requerem matéria escura -
construídos até agora não haviam sido capazes de reproduzir as variações de
temperatura medidas na radiação cósmica de fundo, uma relíquia do Big Bang -
MOND é uma sigla em inglês para "Dinâmica Newtoniana Modificada".
Agora, Constantinos Skordis e Tom Zlosnik, da Academia Tcheca,
desenvolveram um modelo MOND que produz os mesmos resultados verificados nas
observações.
A teoria MOND foi concebida há mais de 30 anos como uma forma de
explicar os dados de rotação galáctica sem invocar a existência da misteriosa
matéria escura. Seus proponentes assumem que a força gravitacional nas escalas
galácticas é diferente da força newtoniana padrão. Mas essa teoria também traz
seu próprio mistério alternativo, no qual a força gravitacional muda para
acelerações menores do que um limite de 10-10m/s2.
A principal razão pela qual a teoria da matéria escura tornou-se a
favorita dos físicos, em vez da MOND, é que a matéria escura é consistente com
uma gama maior de observações astrofísicas. Por exemplo, a matéria escura pode
explicar a curvatura da luz das galáxias de fontes distantes, as chamadas
lentes gravitacionais, enquanto a MOND em sua forma inicial não conseguia.
Posteriormente, os pesquisadores desenvolveram modelos MOND relativísticos, que
podem se encaixar nas observações das lentes gravitacionais, mas até agora
nenhuma dessas versões revisadas era capaz de reproduzir os dados da radiação
cósmica de fundo.
Força gravitacional extra
Skordis e Zlosnik criaram agora um modelo cosmológico MOND que
considera a radiação cósmica de fundo e ainda se mantém consistente com as
observações das lentes gravitacionais e com as medições de velocidade das ondas
gravitacionais, o que virtualmente deixa a teoria MOND empatada com as teorias
da matéria escura.
O modelo segue esforços anteriores de outros pesquisadores para postular
a existência de dois campos que permeiam todo o espaço e, juntos, agem como uma
força gravitacional extra. Um desses campos é um campo escalar - semelhante ao
campo de Higgs, que está associado ao bóson de Higgs; o outro é um campo
vetorial, que tem uma direção em cada ponto do espaço, algo como um campo
magnético.
Skordis e Zlosnik definiram os parâmetros do modelo para que, no início
do Universo, os campos modificadores da gravidade gerassem um efeito
gravitacional que equivale ao utilizado nos modelos da matéria escura. Desta
forma, o modelo garante uma equivalência das previsões da teoria com os padrões
observados da radiação cósmica de fundo - os campos evoluem ao longo do tempo
cósmico e, eventualmente, a força gravitacional segue a proposta original do
modelo MOND.
Mesmo os defensores da matéria escura reconhecem que seus modelos não
conseguem explicar tudo, como a abundância do lítio no Universo ou as
discrepâncias entre os diferentes tipos de medições da taxa de expansão
cósmica.
O novo modelo MOND pode ser capaz de resolver esses problemas, mas isso
exigirá mais tempo para que todos os detalhes teóricos envolvidos sejam
analisados.
Fonte: Site Inovação Tecnológica
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