Sonda espacial penetra na coroa solar pela primeira vez
Sonda "toca" o Sol
No dia 28 de abril de 2021, a sonda espacial Solar Parker, lançada em
2018 pela NASA, penetrou na atmosfera do Sol, conhecida como coroa, e passou
cinco horas lá. A espaçonave, que é também a mais veloz já construída pelo
homem, é a primeira a entrar nos limites externos do nosso Sol.
Só agora ficamos sabendo disso porque levou meses para que a equipe
analisasse em detalhes os dados de um instrumento-chave a bordo, conhecido como
"Copo", que coleta partículas do ambiente onde a sonda navega.
"Embora grande parte da sonda seja protegida por um escudo
térmico, nosso copo é um dos únicos dois instrumentos que se destacam e não têm
proteção. Ele está diretamente exposto à luz solar e operando em uma
temperatura muito alta enquanto faz essas medições; ele fica literalmente
incandescente, com partes do instrumento a mais de 1.000 graus Celsius e
brilhando em vermelho-alaranjado," explicou o professor Anthony Case, responsável
pelo instrumento.
Foram as partículas da atmosfera do Sol coletadas pelo copo que
permitiram aos cientistas confirmar que a espaçonave havia de fato cruzado para
dentro da coroa. A propósito, para que o copo não derreta, ele foi construído
com materiais que apresentam altos pontos de fusão, como tungstênio, nióbio,
molibdênio e safira.
A "fronteira final" do Sol é conhecida como ponto de Alfvén. [Imagem: NASA/Johns Hopkins APL/Ben Smith]
Mergulhando na coroa solar
A coroa, ou corona, é a camada mais externa da atmosfera do Sol, onde
fortes campos magnéticos funcionam como uma "cola" para o plasma e
evitam que os turbulentos ventos solares escapem. A fronteira da corona é conhecido como "ponto Alfvén", ou
superfície crítica de Alfvén, onde os ventos solares excedem uma velocidade
crítica e conseguem se libertar da coroa e dos campos magnéticos do Sol.
"Se você olhar as fotos em close do Sol, às vezes verá aqueles
loops ou fios de cabelo brilhantes que parecem se soltar do Sol, mas depois se
reconectam com ele," explicou Michael Stevens, do Centro Harvard &
Smithsonian para Astrofísica. "Essa é a região para a qual voamos - uma
área onde o plasma, a atmosfera e o vento estão magneticamente presos e interagindo
com o Sol."
Cruzar essa zona é importante porque existem muitos mistérios sobre
nossa estrela que os cientistas esperam que a sonda possa ajudar a resolver.
"Por exemplo, não sabemos realmente por que a atmosfera externa do
Sol é muito mais quente do que o próprio Sol," disse Stevens. "O Sol
está a 5.500 graus Celsius, mas sua atmosfera está a cerca de 2 milhões de
graus Celsius. Sabemos que a energia vem dos campos magnéticos agitados que
borbulham na superfície do Sol, mas não sabemos como a atmosfera do Sol absorve
essa energia."
Além disso, explosões do Sol, como as erupções solares e os ventos solares de alta velocidade, podem ter um impacto direto na Terra, interrompendo redes de energia e comunicações sem fio. A expectativa é que a Solar Parker ajude a entender melhor todos esses fenômenos à medida que ela continua a orbitar o Sol e fazer medições que os cientistas analisarão daqui da Terra, sem risco de se queimarem.
Fonte: Inovação Tecnológica
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