Sonda espacial penetra na coroa solar pela primeira vez

 Concepção artística da Solar Parker aproximando-se do Sol. [Imagem: NASA/Johns Hopkins APL/Steve Gribben]

Sonda "toca" o Sol 

No dia 28 de abril de 2021, a sonda espacial Solar Parker, lançada em 2018 pela NASA, penetrou na atmosfera do Sol, conhecida como coroa, e passou cinco horas lá. A espaçonave, que é também a mais veloz já construída pelo homem, é a primeira a entrar nos limites externos do nosso Sol. 

Só agora ficamos sabendo disso porque levou meses para que a equipe analisasse em detalhes os dados de um instrumento-chave a bordo, conhecido como "Copo", que coleta partículas do ambiente onde a sonda navega. 

"Embora grande parte da sonda seja protegida por um escudo térmico, nosso copo é um dos únicos dois instrumentos que se destacam e não têm proteção. Ele está diretamente exposto à luz solar e operando em uma temperatura muito alta enquanto faz essas medições; ele fica literalmente incandescente, com partes do instrumento a mais de 1.000 graus Celsius e brilhando em vermelho-alaranjado," explicou o professor Anthony Case, responsável pelo instrumento. 

Foram as partículas da atmosfera do Sol coletadas pelo copo que permitiram aos cientistas confirmar que a espaçonave havia de fato cruzado para dentro da coroa. A propósito, para que o copo não derreta, ele foi construído com materiais que apresentam altos pontos de fusão, como tungstênio, nióbio, molibdênio e safira. 

A "fronteira final" do Sol é conhecida como ponto de Alfvén. [Imagem: NASA/Johns Hopkins APL/Ben Smith]

Mergulhando na coroa solar 

A coroa, ou corona, é a camada mais externa da atmosfera do Sol, onde fortes campos magnéticos funcionam como uma "cola" para o plasma e evitam que os turbulentos ventos solares escapem. A fronteira da corona é conhecido como "ponto Alfvén", ou superfície crítica de Alfvén, onde os ventos solares excedem uma velocidade crítica e conseguem se libertar da coroa e dos campos magnéticos do Sol. 

"Se você olhar as fotos em close do Sol, às vezes verá aqueles loops ou fios de cabelo brilhantes que parecem se soltar do Sol, mas depois se reconectam com ele," explicou Michael Stevens, do Centro Harvard & Smithsonian para Astrofísica. "Essa é a região para a qual voamos - uma área onde o plasma, a atmosfera e o vento estão magneticamente presos e interagindo com o Sol." 

Cruzar essa zona é importante porque existem muitos mistérios sobre nossa estrela que os cientistas esperam que a sonda possa ajudar a resolver. 

"Por exemplo, não sabemos realmente por que a atmosfera externa do Sol é muito mais quente do que o próprio Sol," disse Stevens. "O Sol está a 5.500 graus Celsius, mas sua atmosfera está a cerca de 2 milhões de graus Celsius. Sabemos que a energia vem dos campos magnéticos agitados que borbulham na superfície do Sol, mas não sabemos como a atmosfera do Sol absorve essa energia." 

Além disso, explosões do Sol, como as erupções solares e os ventos solares de alta velocidade, podem ter um impacto direto na Terra, interrompendo redes de energia e comunicações sem fio. A expectativa é que a Solar Parker ajude a entender melhor todos esses fenômenos à medida que ela continua a orbitar o Sol e fazer medições que os cientistas analisarão daqui da Terra, sem risco de se queimarem.

Fonte: Inovação Tecnológica

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