Vulcões de gelo em Plutão indicam que planeta é mais ativo do que o imaginado

 Segundo estudo, erupções criovulcânicas significativas alteraram o relevo da superfície do planeta anão em seu passado recente

A região estudada fica a sudoeste de Sputinik Planitia, o coração de Plutão. (Foto: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute)


Cientistas do Instituto de Pesquisa Southwest, no Texas, Estados Unidos, descobriram que vários vulcões de gelo na superfície de Plutão criaram um relevo diferente de qualquer coisa vista no Sistema Solar. As imagens foram captadas pela sonda New Horizons, uma missão não-tripulada lançada pela Nasa em 2006 e que tem como objetivo desvendar Plutão, suas luas e o Cinturão de Kuiper. 

Segundo o estudo, publicado nesta terça-feira (29) pelo periódico Nature Communications, o material abaixo da superfície do planeta gelado pode ter criado uma região de grandes elevações, deixando a região coberta por colinas, montes e depressões. “As estruturas que estudamos são exclusivas de Plutão, pelo menos até agora", disse em comunicado Kelsi Singer, principal autor da pesquisa. “Em vez de erosão ou outros processos geológicos, a atividade criovulcânica parece ter expelido grandes quantidades de matéria para o exterior de Plutão, ressurgindo uma região inteira do hemisfério do planeta.” 

Os pesquisadores analisaram a geomorfologia e a composição da área, a sudoeste de Sputnik Planitia, “coração” de Plutão. A região criovulcânica contém grandes cúpulas, com cerca de 1 a 7 quilômetros de altura mais de 30 quilômetros de diâmetro, que por vezes se fundem formando estruturas mais complexas, tão grandes quanto o vulcão Mauna Loa, no Havaí. 

O terreno montanhoso, com colinas, montes e depressões interconectados e irregulares, cobre a maioria dessas estruturas. Além disso, existem poucas crateras na área, indicando que se trata de uma formação geologicamente jovem. 

Mesmo com a adição de amônia e outros componentes anticongelantes para diminuir a temperatura de derretimento do gelo – efeito parecido com o sal, usado para inibir o acúmulo de gelo em ruas e rodovias de países mais frios –, as temperaturas extremamente baixas e as pressões atmosféricas em Plutão congelam rapidamente a água quando ela chega na superfície. 

Para criar uma formação do tamanho da observada em Plutão, é necessária uma grande quantidade de matéria. Para os cientistas isso significa que é possível que a estrutura interior de planeta tenha retido calor de um passado relativamente recente, permitindo que materiais ricos em água e gelo pudessem ser depositados na superfície. 

Outra característica necessária para que fluxos criovulcânicos sejam capazes de criar estruturas tão grandes, é que o material expelido tenha uma consistência pastosa, se comportando de forma semelhante as geleiras na Terra; ou que houvesse uma espécie de capa de gelo que permitisse que a água escorresse por baixo dela. 

Outros processos geológicos que pudessem criar essas estruturas são improváveis, de acordo com os cientistas. Um dos motivos é que a área tem variações de altura significativas, que não poderiam ter sido criadas pela erosão. Também não encontraram evidências de uma erosão glacial extensa ou de sublimação no terreno montanhoso ao redor das estruturas maiores. 

“Um dos benefícios de explorar novos lugares no sistema solar é que encontramos coisas que não esperávamos”, comentou Singer. “Esses criovulcões gigantes e estranhos são um ótimo exemplo de como estamos expandindo nosso conhecimento sobre processos vulcânicos e atividade geológica em mundos gelados.” 

As imagens obtidas em 2015 pela sonda revelaram diversas características geológicas que povoam Plutão, incluindo montanhas, vales, planícies e geleiras. A descoberta causou grande surpresa aos pesquisadores, pois esperavam que as baixas temperaturas do pequeno planeta produzissem um mundo congelado e geologicamente inativo. 

Esse é um grande marco, que mostra quanta personalidade geológica Plutão tem para um planeta tão pequeno, e como ele tem sido muito ativo”, comemorou Stern, pesquisador do Instituto de Pesquisa Southwest. “Mesmo depois de anos do sobrevoo da New Horizons, os resultados comprovam que há muito mais a aprender sobre as maravilhas de Plutão do que imaginávamos.”

Fonte: GALILEU

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