Telescópio Hubble flagra formação de protoplaneta semelhante a Júpiter

 Astro com cerca de 9 vezes a massa do gigante gasoso gira em torno de uma estrela de 2 milhões de anos e está se formando em um “processo intenso e violento”; entenda

 Ilustração artística do exoplaneta AB Aurigae b (Foto: Nasa, ESA, Joseph Olmsted (STScI)) 

Um protoplaneta, isto é, um “planeta em construção”, muito semelhante a Júpiter foi registrado pelo Telescópio Espacial Hubble, da Nasa. A formação do astro está descrita em um estudo publicado nesta segunda-feira (4) na revista Nature Astronomy.

Os autores da pesquisa detalham que o protoplaneta, chamado AB Aurigae b, está se formando em um “processo intenso e violento”. O novo mundo, que é cerca de nove vezes mais massivo que Júpiter, está embutido em um disco protoplanetário de poeira e gás com estrutura espiral. 

O astro gira em torno de AB Aurigae, uma jovem estrela de cerca de 2 milhões de anos, o que equivale mais ou menos à idade do Sistema Solar na época de formação de Júpiter. Hoje, nosso sistema tem uma idade de aproximadamente 4,6 bilhões de anos.

Cientistas criaram imagens diretamente do exoplaneta AB Aurigae b recém-formado em um período de 13 anos usando o Telescópio Hubble (Foto: Nasa, ESA, Thayne Currie (Subaru Telescope, Eureka Scientific Inc.); Image Processing: Thayne Currie (Subaru Telescope, Eureka Scientific Inc.), Alyssa Pagan (STScI))

Para detectarem o protoplaneta, os pesquisadores usaram dois instrumentos do Hubble: o Space Telescope Imaging Spectrograph e o Near Infrared Camera and Multi-Object Spectrograph. Em seguida, compararam seus resultados com o do instrumento SCExAO, do Telescópio Subaru, do Japão, localizado no cume do vulcão Mauna Kea, no Havaí. 

De acordo com Thayne Currie, líder da pesquisa, a longevidade do telescópio foi fundamental para medir a órbita de AB Aurigae b. "O Hubble forneceu uma linha de base de tempo, combinada com dados da Subaru, de 13 anos, o que foi suficiente para detectar o movimento orbital”, diz o cientista, em comunicado.

Até agora, a teoria dominante para explicar planetas parecidos com Júpiter se chama "acreção do núcleo". Ela diz que planetas embutidos em um disco crescem a partir de pequenos objetos, com tamanhos que variam de grãos de poeira a pedregulhos. Os objetos se grudam conforme orbitam uma estrela, originando o astro. 

Porém, os astrônomos descobriram que, no caso de AB Aurigae b, outra hipótese se encaixa melhor em sua formação: a teoria da "instabilidade de disco". Essa afirma que, à medida que um disco massivo em torno de uma estrela esfria, a gravidade faz com que o disco se quebre rapidamente em um ou mais fragmentos de massa planetária. 

Imagem da estrela AB Aurigae obtida pelo Telescópio Subaru mostrando os braços espirais no disco e o recém-descoberto protoplaneta AB Aur b (Foto: Telescópio T. Currie/Subaru)

Isso porque AB Aurigae b orbita sua estrela a uma distância que levaria muito tempo para que ele se formasse pela hipótese então dominante. “O planeta está cerca de 93 vezes mais distante de sua estrela do que a Terra está do Sol, bem fora da região em que a teoria tradicional de acreção do núcleo poderia explicar sua formação”, pontuam os coautores do estudo Peter Tuthill e Barnaby Norris, em artigo no site The Conversation. 

A descoberta, portanto, reforça a ideia de que alguns planetas gigantes gasosos podem se formar por "instabilidade de disco", conforme enfatiza Alan Boss, pesquisador da Carnegie Institution of Science, nos Estados Unidos. "No final, a gravidade é tudo o que conta, pois as sobras do processo de formação estelar acabarão sendo puxadas pela gravidade para formar planetas, de uma forma ou de outra”, afirma. 

Mas os astrônomos ainda querem ir mais a fundo nas investigações. “À medida que nossos telescópios se tornam maiores e nossos métodos de observação se tornam mais avançados, esperamos ver muito mais planetas em formação capturados em todos os estágios de seu desenvolvimento, bem como planetas maduros totalmente formados como a Terra”, dizem Tuthill e Norris no The Conversation.

Fonte: Galileu

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