Astrônomos detectam a pulsar mais brilhante já identificada fora da Via Láctea

Apelidada de PSR J0523−7125, a estrela de nêutrons está situada a 158 mil anos-luz de distância da Terra

 Imagem nítida, a partir do uso dos "óculos de sol polarizados", do brilho da pulsar - dentro do quadrado (Foto: Yuanming Wang)

Um grupo de pesquisadores localizou uma pulsar fora da Via Láctea pela primeira vez. A descoberta foi relatada em estudo publicado nesta segunda-feira (2) no periódico The Astronomical Journal.  A pulsar é uma estrela de nêutrons que tem a capacidade de emitir energia eletromagnética de seus polos em pulsações polarizadas. Desde que a astrofísica irlandesa Jocelyn Bell descobriu esse tipo de corpo celeste em 1960, mais de duas mil pulsares foram registradas. Esta, no entanto, é a primeira vez que uma estrela do tipo é detectada fora da nossa galáxia.

No estudo, os astrônomos relatam que "pulsares anormais, como sistemas binários de período orbital curto ou objetos fortemente dispersos, são mais difíceis de detectar". 

Os procedimentos de busca dessas estrelas de nêutrons é feita pela procura de pulsações periódicas –  efeito de cintilação semelhante a um farol que ocorre quando as pulsares emitem radiação em rajadas curtas e observáveis. Para a detecção das estrelas que têm menos periodicidade e são menos previsíveis, é necessário recorrer a outras maneiras, como foi o caso da PSR J0523−7125. 

A pulsar extragalática foi encontrada na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã satélite que orbita a Via Láctea a 158,2 mil anos-luz da Terra. A estrela é cerca de 10 vezes mais luminosa do que qualquer outra pulsar observada anteriormente. 

Os astrônomos utilizaram o radiotelescópio Australian Square Kilometer Array Pathfinder (ASKAP), na Austrália, para buscar por pulsações polarizadas visíveis no céu. Segundo a pesquisa, a técnica aplicada é o equivalente astronômico ao uso de óculos de sol polarizados. Essa consulta foi repetida seis vezes entre agosto de 2019 e janeiro de 2020. 

Em seguida,os pesquisadores filtraram os dados obtidos do ASKAP e acompanharam, ao mesmo tempo, as observações do radiotelescópio sul-africano MeerKAT e do Observatório Parkes do CSIRO na Austrália. 

“Eu não esperava encontrar um novo pulsar, muito menos o mais brilhante. Mas com os novos telescópios aos quais agora temos acesso é realmente possível”, relata, em entrevista ao Science Alert, a astrofísica e primeira autora do estudo Yuanming Wang, da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth (CSIRO). 

A partir desta pesquisa e de estudos de rádio em larga escala, a capacidade de descobrir pulsares extragaláticos deve aumentar. Esse achado ultrapassa as teorias sobre o brilho das pulsares, ao serem identificadas no mesmo nível dos objetos vistos na Via Láctea.

Fonte: Galileu

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