8000 quilómetros por segundo: descoberta estrela com o período orbital mais curto em torno de Sgr A*

 Observação de S4716 em 2020 com o instrumento OSIRIS (OH-Suppressing Infrared Integral Field Spectrograph) montado no Telescópio Keck no Hawaii. A cruz na imagem corresponde à posição de Sgr A*. Crédito: Peissker et al. 

Investigadores da Universidade de Colónia e da Universidade de Masaryk em Brno (Chéquia) descobriram a estrela conhecida mais rápida que viaja à volta de um buraco negro em tempo recorde. A estrela, S4716, orbita Sagitário A*, o buraco negro no centro da nossa Via Láctea, em quatro anos e atinge uma velocidade de cerca de 8000 quilómetros por segundo. S4716 passa a 100 UA (unidades astronómicas) do buraco negro - uma distância pequena em padrões astronómicos. Uma UA corresponde a 149.597.870 quilómetros. O estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal. 

Nas proximidades do buraco negro no centro da nossa Galáxia, encontra-se um enxame denso de estrelas. Este enxame, chamado Enxame-S, é o lar de mais de cem estrelas que diferem na sua luminosidade e massa. As estrelas S movem-se particularmente depressa. "Um membro proeminente, S2, comporta-se como uma pessoa alta sentada à nossa frente num cinema: bloqueia a visão do que é importante", disse o Dr. Florian Peissker, autor principal do novo estudo. "A vista para o centro da Galáxia é, portanto, muitas vezes obscurecida por S2. No entanto, por breves momentos podemos observar os arredores do buraco negro central." 

Através de métodos de análise continuamente aperfeiçoados, juntamente com observações que cobrem quase vinte anos, o cientista identificou agora sem sombra de dúvidas uma estrela que viaja em torno do buraco negro supermassivo central em apenas quatro anos. Um total de cinco telescópios observaram a estrela, tendo quatro destes cinco sido combinados num grande telescópio para permitir observações ainda mais precisas e detalhadas. "Foi completamente inesperado uma estrela estar numa órbita estável tão próxima e rápida nas proximidades de um buraco negro supermassivo, e marca o limite do que pode ser observado com telescópios tradicionais," disse Peissker. 

Além disso, a descoberta lança nova luz sobre a origem e evolução da órbita de estrelas em movimento rápido no coração da Via Láctea. "A órbita curta e compacta de S4716 é bastante intrigante," disse Michael Zajaček, astrofísico da Universidade Masaryk em Brno, que esteve envolvido no estudo. "As estrelas não se podem formar tão facilmente perto do buraco negro. S4716 teve de se mover para dentro, por exemplo, aproximando-se de outras estrelas e objetos no Enxame-S, o que fez com que a sua órbita diminuísse significativamente", acrescentou.

Fonte: Astronomia OnLine

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