Estrelas primordiais podem ser "escuras" demais para o telescópio James Webb
Em
um novo estudo, o astrofísico James A. A. Trussler, da Universidade de
Manchester, junto de outros pesquisadores, investigou se o telescópio James
Webb seria capaz de detectar as estrelas de primeira geração, formadas a partir
do material primordial deixado pelo Big Bang. Estas estrelas são compostas por
hidrogênio e hélio, e a única forma de vê-las é procurando-as nos alcances mais
profundos do espaço.
De
forma geral, as estrelas são compostas principalmente de hidrogênio e hélio,
mas a maioria delas tem também elementos pesados (metais) em sua composição.
Assim, as primeiras estrelas nascidas da nuvem primordial de hidrogênio e hélio
têm quantidades mínimas de metais em suas estruturas, enquanto aquelas formadas
em gerações mais novas têm mais metal que as anteriores.
As estrelas mais antigas pertencem à População III (Imagem: reprodução/NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/Spaceengine)
Dito
isso, as estrelas podem ser divididas nas populações I, II e III, de acordo com
a metalicidade de suas composições: aquelas com mais metais pertencem à
População I, e aquelas com metalicidade extremamente baixa são da População
III. Quanto mais metais tiver em sua composição, mais densa a estrela se torna;
portanto, uma estrela como o Sol é mais compacta que uma da População III, e
consequentemente não “precisa” de tanta massa para brilhar.
É
aqui que entra o novo estudo, que tentou responder à seguinte pergunta: as
primeiras estrelas, que eram mais massivas e viveram por pouco tempo, seriam
“fracas” demais para serem observadas pelo telescópio James Webb? Para
descobrir, os pesquisadores simularam a intensidade do brilho e o espectro das
estrelas da primeira geração, tentando determinar como elas seriam se fossem
observadas em uma galáxia primordial.
As lentes gravitacionais podem ajudar a revelar estrelas antigas (Imagem: Reprodução/NASA / CXC / J. Irwin et al./NASA/STScI)
Depois,
eles compararam os resultados aos recursos do novo telescópio, e descobriram
que se o Webb conseguir vê-las sem nada obstruindo o alcance de seus
instrumentos, elas ainda assim seriam escuras demais para serem observadas.
Isso muda no caso de alguma galáxia primordial massiva: se ela estiver atrás de
outra galáxia de grande porte mais próxima, a massa desta pode distorcer o
espaço-tempo, criando uma lente gravitacional.
Neste
caso, a lente iria "obrigar" a luz a percorrer a distorção,
ampliando-a e aí sim permitindo que o Webb a identificasse. Na prática, isso
significa que, para detectar as estrelas de primeira geração, seria necessário
um alinhamento bastante específico para, depois, os astrônomos separarem o
espectro das galáxias e talvez conseguirem estudar estas estrelas.
O
artigo com os resultados do estudo foi publicado no repositório online arXiv,
sem revisão de pares.
Fonte: Canal Tech
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