Leis da gravidade são reconstruídas para explicar o cosmos em larga escala
Existem vozes dissidentes na comunidade científica que duvidam da aceleração da expansão do Universo. É bom lembrar que a constante cosmológica é conhecida como a pior previsão já feita pela Física. [Imagem: A. Klypin/J. Primack/S. Cantalupo]
Relatividade Modificada
Para
tentar superar alguns dos problemas em aberto na compreensão da força da
gravidade, uma equipe internacional de cosmólogos resolveu fazer algo radical:
Reescrever as leis da gravidade.
As
leis da gravitação de Newton vigoraram por séculos, explicando quase tudo, até
serem suplantadas pela Relatividade Geral de Einstein, que explica mais e
melhor.
Mas
isso não significa que as leis da gravitação regidas pelas equações da
Relatividade expliquem tudo.
"Sabemos
que a expansão do Universo está se acelerando, mas para que a teoria de
Einstein funcione, precisamos dessa misteriosa constante cosmológica. E
diferentes medições da taxa de expansão cósmica nos dão respostas diferentes,
também conhecidas como tensão de Hubble.
"Para
tentar combater isso, alteramos a relação entre matéria e espaço-tempo e
estudamos quão bem podemos restringir os desvios da previsão da Relatividade
Geral," conta o professor Kazuya Koyama, da Universidade de Portsmouth, no
Reino Unido.
De
fato, o caminho para explicar a força da gravidade que surgiu com Newton hoje
já bifurca, com a Relatividade representando uma rota e a teoria MOND a outra -
MOND é uma sigla para Dinâmica Newtoniana Modificada, ou MOdified Newtonian
Dynamics.
O
que a equipe fez agora foi criar uma "Relatividade Geral Modificada",
para ver se dá para continuar apostando no caminho que a comunidade científica
vem trilhando há mais de um século.
A reconstrução das equações tenta elucidar as grandes áreas ainda sem explicações. À direita, plotagem da "Tensão de Hubble". [Imagem: Levon Pogosian et al. - 10.1038/s41550-022-01808-7]
Validação da Relatividade em larga escala
Na
Relatividade Geral, a gravidade está envolta em três funções fenomenológicas
que descrevem a expansão do Universo, os efeitos da gravidade sobre a luz e os
efeitos da gravidade sobre a matéria.
Usando
um método estatístico conhecido como inferência Bayesiana, a equipe reconstruiu
as três funções simultaneamente pela primeira vez.
"Reconstruções
parciais dessas funções têm sido feitas nos últimos 5 a 10 anos, mas não
tínhamos dados suficientes para reconstruir com precisão todas as três ao mesmo
tempo.
"O
que descobrimos foi que as observações atuais estão ficando boas o suficiente
para estabelecer um limite nos desvios da Relatividade Geral. Mas, ao mesmo
tempo, achamos muito difícil resolver esse problema que temos no modelo padrão,
mesmo estendendo nossa teoria da gravidade.
"Uma
perspectiva empolgante é que, em alguns anos, teremos muito mais dados de novas
sondas espaciais. Isso significa que poderemos continuar melhorando os limites
das modificações da Relatividade Geral usando esses métodos estatísticos,"
explicou o professor Koyama.
O
pesquisador refere-se a novos observatórios, que deverão ser lançados nos
próximos anos ou estão em fase de projeto, que prometem criar mapas 3D mais
precisos da matéria agrupada no Universo, que os cosmólogos chamam de estrutura
de grande escala.
Isso
oferecerá uma visão sem precedentes da gravidade em grandes distâncias e,
eventualmente, permitirá que as leis da gravidade vistas pelos olhos da
Relatividade Geral possam ser observacionalmente validadas em distâncias
cosmológicas.
Contudo,
equipe reconhece que, sem esses dados, mesmo com a unificação das três equações
é difícil chegar a uma Relatividade Modificada que possa ser considerada
válida. "Os resultados foram promissores, mas ainda estamos muito longe de
uma solução," disse Koyama.
Fonte: Inovação Tecnológica
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