Bactérias condenaram a possibilidade de vida em Marte

 
Marte foi um dos cinco planetas descobertos nos primórdios da civilização humana e, ao longo da Antiguidade, teve um papel fundamental para o nosso desenvolvimento. Desde que a sonda espacial Viking 1, parte do Programa Viking, da NASA, pousou em Marte, o planeta se tornou alvo de inúmeras conspirações devido à possibilidade de vida antiga, configurando o segundo planeta do Sistema Solar onde isso seria possível.

Desse momento em diante, a ideia de vida extraterrestre foi associada à Marte, com a indústria do entretenimento, catapultada pelos avistamentos de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs), criando a imagem de seres humanoides de alta inteligência. O caldo dessa narrativa engrossou após agosto de 1996, quando um grupo de cientistas anunciou ter encontrado evidências de vida antiga em Marte através de objetos em forma de bactéria e moléculas químicas orgânicas no meteorito marciano ALH 84001, coletado na Antártica. 

Há mais de 10 anos, o Curiosity Rover da NASA envia imagens que comprovam que seria impossível o corpo humano sobreviver em Marte, onde apenas 0,13% do ar é oxigênio – em contraste com 21% da Terra –, e a temperatura varia desde -125 graus?°C no inverno até 22?°C no verão. 

Na Terra, a ciência chama de "panspermia" a ideia de que um coquetel molecular com vida biológica veio das estrelas. Mas como surgiu a vida em Marte? Um estudo publicado na Nature sugere que a mesma vida microbiana que criou os humanos pode ter condenado a vida em Marte. 

O "inimigo" de Marte

Há cerca de 3,7 bilhões de anos, mais ou menos na época em que a vida estava começando a se formar na Terra, os primeiros organismos unicelulares vivos surgiam em Marte. No entanto, em vez de o planeta ficar quente e aconchegante, se tornou um local frio e mortal por uma combinação de fatores: por estar localizado mais longe do Sol, possuir uma atmosfera muito seca, rica em dióxido de carbono e extremamente fina (1% da atmosfera da Terra).

Os micróbios que sugavam o pouco hidrogênio e excretavam metano para a atmosfera – que desaparece em 10 a 15 anos –, não interagiu com o dióxido de carbono da mesma forma que o hidrogênio, que juntos criam uma espécie de "aquecedor planetário" de longo prazo – o que acontece com a Terra. Foi assim que a temperatura do planeta caiu muito rapidamente. 

Com esse processo de resfriamento, as bactérias começaram a recuar para cada vez mais fundo na crosta de Marte, esfriando a superfície em até -60?°C.

Segundo Boris Sauterey, pesquisador do Institut de Biologie de L’École NOrmale Supérieure (IBENS), na França, Marte tinha água líquida em sua superfície na época, formando rios, lagos e até mesmo oceanos. Assim que as bactérias removeram o hidrogênio da atmosfera e o substituíram pelo metano que esfriou o planeta, toda a água da superfície congelou. O aprofundamento das bactérias na crosta teria sido uma alternativa para buscarem uma fonte de energia. 

Os locais na superfície onde as bactérias podem não ter se enterrado tão profundamente incluem a Cratera Jezero, Helas Planitia e Isidis Planitia, onde o rover Perseverance da NASA ainda faz o trabalho de investigação em busca de vida. 

Fonte: Megacurioso

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