O planeta que poderia acabar com a vida na Terra
De
acordo com uma experiência realizada na Universidade da Califórnia em
Riverside, EUA, um planeta terrestre, orbitando o Sol entre Marte e Júpiter,
seria capaz de empurrar a Terra para fora do Sistema Solar e exterminar a vida
neste planeta.
Comparação de tamanho dos planetas. (alexaldo/iStock/Getty)
O astrofísico Stephen Kane explicou que a sua experiência tinha como objetivo colmatar duas importantes lacunas na ciência planetária.
A
primeira é a lacuna no nosso Sistema Solar entre o tamanho dos planetas
terrestres e os gigantes gasosos. O maior planeta terrestre é a Terra e o
gigante gasoso mais pequeno é Neptuno, que é quatro vezes maior e 17 vezes mais
massivo. Não há nada no meio.
"Noutros
sistemas estelares existem muitos planetas com massas nessa gama. Chamamos-lhe
super-Terras", disse Kane.
A
outra lacuna é o local, relativamente ao Sol, entre Marte e Júpiter. "Os
cientistas planetários desejam muitas vezes que houvesse algo entre esses dois
planetas. Parece um desperdício de espaço", disse.
Estas
lacunas podem fornecer importantes perspetivas sobre a arquitetura do nosso
Sistema Solar e sobre a evolução da Terra. Para as preencher, Kane fez
simulações dinâmicas de computador de um planeta entre Marte e Júpiter com uma
gama de massas diferentes e depois observou os efeitos nas órbitas de todos os
outros planetas.
Os
resultados, publicados na revista The Planetary Science Journal, foram na sua
maioria desastrosos para o Sistema Solar. "Este planeta fictício dá um
empurrão a Júpiter apenas suficiente para desestabilizar tudo o resto",
disse Kane. "Apesar de muitos astrónomos terem desejado este planeta
extra, ainda bem que não existe".
Júpiter
é muito maior do que todos os outros planetas combinados; a sua massa é 318
vezes superior à da Terra, pelo que a sua influência gravitacional é profunda.
Se uma super-Terra no nosso Sistema Solar, uma estrela passageira ou qualquer
outro objeto celeste perturbasse Júpiter mesmo que fosse ligeiramente, todos os
outros planetas seriam profundamente afetados.
Dependendo
da massa e da localização exata de uma super-Terra, a sua presença poderia
acabar por ejetar Mercúrio e Vénus, bem como a Terra, do Sistema Solar. Poderia
também desestabilizar as órbitas de Úrano e Neptuno, atirando-os também para o
espaço exterior.
A
super-Terra mudaria a forma da órbita desta nossa Terra, tornando-a muito menos
habitável do que é hoje em dia, se não acabando completamente com a vida.
Quando Kane reduziu a massa do planeta e o colocou diretamente entre Marte e Júpiter, viu que era possível que o planeta se mantivesse estável durante um longo período de tempo. Mas pequenos movimentos em qualquer direção e "as coisas acabariam por correr mal", disse.
O
estudo tem implicações para a capacidade dos planetas, noutros sistemas
solares, em hospedar vida. Embora planetas semelhantes a Júpiter, gigantes de
gás longe das suas estrelas, só sejam encontrados em cerca de 10% do tempo, a
sua presença pode decidir se as Terras ou super-Terras vizinhas têm órbitas
estáveis.
Estes
resultados deram a Kane um respeito renovado pela delicada ordem que mantém os
planetas unidos em torno do Sol. "O nosso Sistema Solar está bem mais
'afinado' do que eu apreciava antes. Tudo funciona como intricadas engrenagens
de relógio. Lance-se mais engrenagens à mistura e tudo quebra", disse
Kane.
Fonte: UC Riverside
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!