Estrela está se transformando em um diamante cósmico

 Esta é apenas uma ilustração artística: Somente o núcleo da estrela está virando diamante. [Imagem: Institute of Astronomy/University of Cambridge]

Estrelas com núcleos sólidos

Quando estrelas de tamanho similar ao do nosso Sol chegam ao fim de suas vidas, elas lentamente esfriam e encolhem, formando corpos muito densos, com a massa do Sol contida em uma esfera do tamanho da Terra.

Esse remanescente estelar é conhecido como anã branca.

Acredita-se que 98% de todas as estrelas evoluirão até a fase de anã branca. Contudo, como não há fusão nuclear dentro de uma anã branca - o processo pelo qual massa é convertida em energia -, essas estrelas têm um brilho muito fraco, sendo difíceis de detectar.

Surge então uma possibilidade teórica muito interessante: Se forem constituídas principalmente de oxigênio e carbono, os núcleos ultradensos das anãs brancas - cerca de 107 gramas por centímetro cúbico - podem virar diamantes enormes.

Só tem um problema: Segundo essa teoria, levaria cerca de um quatrilhão de anos para que o diamante ficasse pronto, devido ao lento processo de liberação do calor interno da estrela - 1 quatrilhão equivale a 1.000 trilhões, que por sua vez são 1.000 bilhões, mas o Universo só tem 13,6 bilhões de anos.

Então, em 2019, Pier-Emmanuel Tremblay e colegas da Universidade de Warwick, no Reino Unido, analisaram dados coletados pela sonda espacial Gaia, que faz o mapeamento da nossa galáxia e suas vizinhas, e encontraram os primeiros indícios observacionais do processo de solidificação do núcleo de anãs brancas.

Tremblay identificou um processo de aceleração no resfriamento das anãs brancas, mostrando que o processo todo poderia ocorrer em uma janela temporal de cerca de 1 bilhão de anos, confirmando que esse processo pode até ser lento, mas é real, transformando o núcleo das anãs brancas em esferas sólidas de carbono/oxigênio à medida que o gás quente dentro delas esfria.

Anã branca com núcleo de diamante

Agora, Alexander Venner e colegas da Universidade do Sul da Austrália acreditam ter encontrado não indícios, mas uma anã branca específica passando pelo estágio inicial desse processo de transformação em uma estrela com núcleo sólido de diamante.

A anã branca, localizada a aproximadamente 104 anos-luz de distância, faz parte de um sistema quádruplo chamado HD 190412, muito parecido com o sistema da estrela Sirius. Como as outras estrelas do sistema ainda não viraram anãs brancas, a equipe conseguiu mapear os principais elementos constituintes do sistema, colocando a anã branca, batizada de HD 190412 C, na linha de formação de um diamante estelar.

Além disso, sua idade (4,2 bilhões de anos) e sua temperatura (6.300 ºC) reforçam os indícios de que a HD 190412 C esteja no processo de cristalização do núcleo, muito provavelmente formando um núcleo composto principalmente de diamante.

"A descoberta deste sistema a apenas 32 parsecs [de distância] sugere que sistemas de referência semelhantes provavelmente serão comuns; descobertas futuras podem, portanto, fornecer testes poderosos para modelos de cristalização de anãs brancas," concluiu a equipe.

Estrelas e planetas de diamante?

Se esta notícia está-lhe parecendo um déjà vu, pode ficar tranquilo, você de fato já leu antes sobre planetas de diamantes, estrelas de diamante, estrelas que viraram planetas de diamantes e até chuva de diamantes em outros planetas.

Fonte: Inovação Tecnológica

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