Confirmado: Buracos negros giram
Rotação do buraco negro
O
buraco negro supermassivo no coração da galáxia M87, que ficou famoso ao posar
para a primeira imagem de um buraco negro, rendeu outra novidade: Acaba de ser
confirmado que o jato que sai desse buraco negro oscila, fornecendo uma prova
direta de que o buraco negro apresenta rotação sobre seu próprio eixo.
Representação esquemática do modelo de disco de acreção inclinado. Supõe-se que o eixo de rotação do buraco negro esteja reto para cima e para baixo nesta ilustração. A direção do jato aponta quase perpendicular ao plano do disco. O desalinhamento entre o eixo de rotação do buraco negro e o eixo de rotação do disco desencadeia a precessão do disco e do jato. [Imagem: Yuzhu Cui et al. (2023)/Intouchable Lab@Openverse/Zhejiang Lab]
Buracos
negros supermassivos, monstros até bilhões de vezes mais pesados que o Sol, são
difíceis de estudar porque nenhuma informação consegue escapar de dentro deles.
Teoricamente, existem muito poucas propriedades que podemos esperar medir. Uma
propriedade que possivelmente poderia ser observada é a rotação, mas, devido às
dificuldades técnicas para isso, até hoje ninguém havia conseguido fazer
observações diretas do giro de um buraco negro.
Para
superar essas dificuldades, uma equipe internacional analisou mais de duas
décadas de dados observacionais da galáxia M87. Esta galáxia, localizada a 55
milhões de anos-luz de distância, na direção da constelação da Virgem, abriga
um buraco negro 6,5 bilhões de vezes mais massivo do que o Sol e 2.000 vezes
mais pesado do que o buraco negro Sagitário A*, no centro da Via Láctea. No
total, mais de 20 radiotelescópios em todo o mundo contribuíram para juntar
todos esses dados.
Já
sabíamos que o buraco negro M87 tem um disco de acreção (ou disco de
acréscimo), que alimenta o buraco negro com matéria, e um jato, no qual a
matéria é ejetada dos "pólos" do buraco negro a uma velocidade
próxima da velocidade da luz.
O
mecanismo de transferência de energia entre buracos negros e seus discos de
acreção e seus jatos relativísticos tem intrigado físicos e astrônomos há mais
de um século. A teoria predominante sugere que a energia pode ser drenada de um
buraco negro em rotação, permitindo que algum material que o rodeia seja
ejetado com grande energia. No entanto, a rotação dos buracos negros
supermassivos, um fator crucial nesse processo e o parâmetro mais fundamental
além da massa do buraco negro, não tinha sido observada diretamente até agora.
Precessão do buraco negro
Os
novos resultados mostram que as interações gravitacionais entre o disco de
acreção e a rotação do buraco negro fazem com que a base do jato oscile, ou
precesse, da mesma forma que as interações gravitacionais dentro do Sistema
Solar fazem com que a Terra apresente o fenômeno da precessão, a ligeira
oscilação do planeta em torno do seu próprio eixo conforme ele gira sobre si
mesmo.
A
direção do jato do buraco negro muda cerca de 10 graus, com um período de
precessão de 11 anos, correspondendo às simulações teóricas rodadas em
supercomputadores, fornecendo evidências diretas de que o buraco negro de fato
gira.
"Estamos
entusiasmados com esta descoberta significativa," disse Yuzhu Cui, do
Observatório Astronômico Nacional do Japão. "Como o desalinhamento entre o
buraco negro e o disco é relativamente pequeno e o período de precessão é de
cerca de 11 anos, o acúmulo de dados de alta resolução que rastreiam a
estrutura M87 ao longo de duas décadas e uma análise minuciosa foram essenciais
para obter esta conquista."
Fonte:
Inovação Tecnológica
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