Rocha coletada por astronautas da Apollo 17 revela a idade da Lua
Na última vez que seres humanos pisaram na Lua, durante a missão Apollo 17, em 1972, os astronautas norte-americanos Harrison Schmitt e Eugene Cernan coletaram cerca de 110,4 kg de amostras de solo e rochas que foram trazidos à Terra para estudos posteriores.
Terra é vista através da superfície lunar em foto tirada pela Apollo 17 REUTERS/NASA/Handout © Thomson Reuters
Meio
século depois, cristais do mineral zircão dentro de um fragmento de rocha ígnea
de granulação grossa coletado por Schmitt estão fornecendo aos cientistas uma
compreensão mais profunda sobre a formação da Lua e a idade exata do parceiro
celestial da Terra.
A
Lua é cerca de 40 milhões de anos mais velha do que se pensava anteriormente,
tendo se formado há mais de 4,46 bilhões de anos -- 110 milhões de anos após o
nascimento do sistema solar--, disseram cientistas nesta segunda-feira, com
base em análises dos cristais.
A
principal hipótese para a formação lunar é que, durante o início caótico da
história do sistema solar, um objeto do tamanho de Marte chamado Theia colidiu
com a Terra primordial. Isso lançou magma -- rocha derretida -- no espaço,
formando um disco de detritos que orbitou a Terra e se aglutinou na Lua. Mas o
momento exato da formação da Lua tem sido difícil de determinar.
Os
cristais minerais foram capazes de se formar depois que o magma esfriou e se
solidificou. Os pesquisadores usaram um método chamado tomografia por sonda
atômica para confirmar a idade dos sólidos mais antigos conhecidos que se
formaram após o impacto gigante, os cristais de zircão dentro do fragmento de
um tipo de rocha chamado norito coletado por Schmitt.
"Adoro
o fato de esse estudo ter sido feito em uma amostra que foi coletada e trazida
para a Terra há 51 anos. Naquela época, a tomografia por sonda de átomo ainda
não havia sido desenvolvida e os cientistas não teriam imaginado os tipos de
análises que fazemos hoje", disse o cosmoquímico Philipp Heck, diretor
sênior de pesquisa do Field Museum de Chicago, professor da Universidade de
Chicago e autor sênior do estudo publicado na revista Geochemical Perspectives
Letters.
"É
interessante notar que todos os minerais mais antigos encontrados na Terra, em
Marte e na Lua são cristais de zircão. O zircão, e não o diamante, dura para
sempre", acrescentou Bidong Zhang, cientista planetário da UCLA e coautor
do estudo.
A
rocha que contém o zircão foi coletada no vale Taurus-Littrow, na borda sudeste
do Mare Serenitatis (Mar da Serenidade) lunar, e armazenada no Centro Espacial
Johnson, da Nasa, em Houston.
Um
estudo liderado por Zhang, publicado em 2021, usou uma técnica chamada análise
de microssonda iônica para medir quantos átomos de urânio e chumbo havia nos
cristais, calculando a idade do zircão com base no decaimento do urânio
radioativo em chumbo ao longo do tempo. Essa idade precisava ser confirmada por
outro método devido a uma possível complicação envolvendo átomos de chumbo se
houvesse defeitos na estrutura do cristal de zircônio.
O
novo estudo usou a tomografia por sonda atômica para determinar que não havia
complicações envolvendo os átomos de chumbo, confirmando a idade dos cristais.
"O
impacto gigante que formou a Lua foi um evento cataclísmico para a Terra e
mudou a velocidade de rotação da Terra. Depois disso, a Lua teve um efeito na
estabilização do eixo de rotação da Terra e na diminuição da velocidade de
rotação", disse Heck. "A data de formação da Lua é importante, pois
somente depois disso a Terra se tornou um planeta habitável."
Fonte: MSN
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