"Chuva de diamantes" em planetas gelados tem conexão inesperada com campos magnéticos
Experimentos com lasers de raios X simulam as condições espaciais.
Conceito
artístico de chuva de diamantes em Netuno. (Crédito: Greg Stewart/SLAC National
Accelerator Laboratory)
A Terra não é o único planeta em que chove. Na verdade, em outro planeta chove metano, ácido sulfúrico ou até diamantes. A formação da chuva de diamantes é um fenômeno fascinante que ocorre em planetas gelados como Netuno e Urano, e recentemente ganhou nova compreensão graças a uma equipe internacional de pesquisa. Novos dados do poderoso laser de raios X na instalação europeia de laser de elétrons livres de raios-X (XFEL) em Schenefeld lançaram alguma luz sobre campos magnéticos complexos.
Lasers e diamantes
Anteriormente,
cientistas usando lasers de raios-X descobriram que altas pressões no interior
de grandes planetas gasosos poderiam transformar compostos de carbono em
diamantes. Acreditava-se que esses diamantes, formados nas camadas superiores
dos planetas, afundavam mais profundamente em seus interiores, assemelhando-se
a uma chuva de pedras preciosas. No entanto, a última experiência no XFEL
europeu parece sugerir um mecanismo diferente.
Os
resultados, publicados na Nature Astronomy, indicam que a formação de diamante
a partir de compostos de carbono começa em pressões e temperaturas mais baixas
do que se supunha anteriormente. Isso implica que a chuva de diamantes começa
em profundidades mais rasas em gigantes gasosos como Netuno e Urano.
A
descoberta é mais do que apenas uma curiosidade ou um factoide. Isso pode ter
implicações importantes, pois sugere que a chuva de diamantes pode ter um
impacto mais significativo na formação dos campos magnéticos de um planeta do
que se pensava anteriormente.
"'Chuva
de diamantes' em planetas gelados nos apresenta um quebra-cabeça intrigante
para resolver", disse o cientista do SLAC Mungo Frost, que liderou a
pesquisa. "Ele fornece uma fonte interna de aquecimento e transporta
carbono mais profundamente para o planeta, o que pode ter um impacto
significativo em suas propriedades e composição. Isso pode desencadear
movimentos dentro dos gelos condutores encontrados nesses planetas,
influenciando a geração de seus campos magnéticos."
Muitos lugares podem ter chuva de diamantes
Outro
aspecto intrigante dessa pesquisa é a possibilidade de chuva de diamantes em
planetas gasosos menores, conhecidos como "mini-Netunos". Esses
planetas não estão presentes em nosso Sistema Solar, mas são comuns como
exoplanetas na galáxia. A descoberta de que a chuva de diamantes poderia
ocorrer nesses planetas menores amplia nossa compreensão dos fenômenos
planetários no universo.
Para
simular as condições dentro desses gigantes gelados, a equipe de pesquisa usou
um filme plástico feito de poliestireno como fonte de carbono. Sob extrema
pressão, esse material forma diamantes, imitando o processo que se acredita
ocorrer dentro dos planetas. Este experimento gerou altas pressões e
temperaturas superiores a 3.992 graus Fahrenheit (2.200 graus Celsius),
semelhantes às que estão dentro dos gigantes gasosos.
A
configuração do experimento envolveu células de bigorna de diamante, que
funcionam como mini vises, espremendo a amostra entre dois diamantes. Usando os
pulsos de raios-X do XFEL europeu, os pesquisadores puderam observar a formação
de diamantes na célula, fornecendo informações valiosas sobre o tempo, as
condições e a sequência desse processo.
Em
seguida, os pesquisadores estão planejando experimentos semelhantes que os
aproximarão de entender exatamente como a chuva de diamantes se forma e afeta
as propriedades de outros planetas.
"Esta
descoberta inovadora não apenas aprofunda nosso conhecimento de nossos planetas
gelados locais, mas também tem implicações para a compreensão de processos
semelhantes em exoplanetas além do nosso sistema solar", disse o diretor
de alta densidade de energia do SLAC, Siegfried Glenzer.
Fonte: zmescience.com
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