Carbono, elemento-chave para a vida, é detectado na infância do Universo
Há 13,8 bilhões de anos, o
Universo deu o primeiro passo de sua existência com o Big Bang. Uma região de
espaço-tempo minúscula recheada com material extremamente quente e denso passou
a se expandir até virar tudo isso que está em volta de você – e em você.
0706-james-webb-super-site(1) © NASA, ESA, CSA, STScI/Reprodução
Para que haja vida, são precisas
moléculas complexas com carbono, elemento químico que facilita ligações com
outras substâncias.
Agora, astrônomos detectaram esse
elemento numa galáxia formada "apenas" 350 milhões de anos depois do
Big Bang. Isso significa que um dos principais pré-requisitos para a vida como
a conhecemos já existia muito antes do que se imaginava, quase desde o
princípio do cosmos.
Acredita-se que essas doses
notáveis de carbono primordial foram liberadas quando uma primeira geração de
estrelas gigantescas entrou em colapso por falta de combustível, um fenômeno
conhecido como supernova. Tudo isso foi observado pelo telescópio espacial
James Webb. Essa é a detecção mais antiga já realizada de um elemento mais
pesado que o hidrogênio ou o hélio.
A galáxia onde o carbono foi
encontrado é a quinta mais distante da Via Láctea já observada. É justamente
por causa dessa distância que podemos vê-la num passado tão distante: sua luz
demora bilhões de anos para nos alcançar. Ela também é compacta, cerca de cem
mil vezes menor que a nossa. Parece pouco, mas ela ainda era bem grande para
uma galáxia tão jovem.
A descoberta foi divulgada no
jornal britânico The Guardian, e deve ser publicada futuramente na revista
especializada Astronomy & Astrophysics.
Dando à luz aos elementos
químicos
Quando o universo ainda era um
bebê cósmico de poucos milhões de anos, ele era composto de hidrogênio, hélio e
um pouco de lítio. Todos os outros elementos químicos foram formados depois,
nas estrelas, e lançados no espaço por meio de supernovas e outros eventos
catastróficos.
A cada geração de estrelas que
morria, o Universo ficava um pouco mais rico, com novos elementos pesados. Uma
consequência disso foi a formação de planetas rochosos, onde a vida se tornou
possível.
Antes da nova descoberta, se
imaginava que o carbono tinha aparecido 1 bilhão de anos depois do Big Bang. E
vale dizer que a nova descoberta não muda as estimativas de quando a vida
surgiu na Terra, há cerca de 3,7 bilhões de anos atrás.
Analisando os espectros de luz
vindos da galáxia, os astrônomos da Universidade de Cambridge encontraram uma
detecção de carbono segura, e ainda possíveis traços de oxigênio e neônio,
outros elementos de complexidade maior que o hidrogênio e hélio primordiais.
O comportamento dessas primeiras
estrelas era bem diferente do dos astros atuais, e entender como elas funcionam
e como os primeiros metais surgiram em seus interiores é essencial para
entender o caminho que levou à formação da vida complexa.
MSN
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