Bolas de fogo de plasma do espaço são geradas em laboratório pela primeira vez
Plasma astrofísico
Cientistas conseguiram produzir
em laboratório pela primeira vez "bolas de fogo" de plasma, imitando
um dos ambientes mais extremos do Universo, que agora poderão ser estudados
experimentalmente.
Representação artística de um buraco negro emitindo um jato de plasma. As "bolas de fogo" de plasma geradas experimentalmente abrem a possibilidade de uma astrofísica laboratorial. [Imagem: NASA/JPL-Caltech]
Dentro e ao redor os buracos
negros e das estrelas de nêutrons, que estão entre os objetos mais densos
conhecidos no Universo, existem plasmas, o quarto estado fundamental da
matéria, juntamente com os sólidos, líquidos e gases. Nessas condições extremas,
os plasmas são conhecidos como plasmas relativísticos de pares
elétron-pósitron, porque compreendem uma coleção de elétrons e suas
antipartículas, os pósitrons, todos voando quase à velocidade da luz.
Embora esses plasmas sejam
onipresentes nas condições astrofísicas do espaço profundo, produzi-los em
laboratório vinha se mostrando um desafio difícil de vencer.
Agora, uma equipe internacional
conseguiu gerar experimentalmente feixes relativísticos de pares de
elétrons-pósitrons e um plasma de alta densidade, produzindo de duas a três
ordens de magnitude mais pares matéria-antimatéria do que era possível até agora.
Embora não seja um ambiente de plasma contínuo, como acontece no espaço, as
"condensações" criadas, que os cientistas chamam de "bolas de
fogo", são suficientes para permitir estudos experimentais.
"A geração em laboratório de
'bolas de fogo' de plasma compostas de matéria, antimatéria e fótons é um
objetivo de pesquisa na vanguarda da ciência de alta densidade
energética," disse Charles Arrowsmith, da Universidade de Oxford.
"Mas a dificuldade experimental de produzir pares elétron-pósitron em
números suficientemente elevados limitou, até este ponto, a nossa compreensão a
estudos puramente teóricos."
Um próton (extrema esquerda) colide com núcleos de carbono (pequenas esferas cinza), produzindo uma chuva de várias partículas elementares, incluindo um grande número de píons neutros (esferas laranja). À medida que os píons neutros instáveis decaem, eles emitem dois raios gama de alta energia (setas amarelas onduladas). Esses raios gama interagem com o campo elétrico dos núcleos de tântalo (grandes esferas cinzentas), gerando pares de elétrons e pósitrons e resultando nas bola de fogo de plasma de elétrons-pósitrons. [Imagem: Heather Palmer/University of Rochester Laboratory for Laser Energetics]
Bolas de fogo de plasma
O experimento, que foi realizado
em um laboratório do CERN, na Suíça, chamado Síncrotron Super Próton (SPS),
gerou feixes de pares elétron-pósitron quase neutros usando mais de 100 bilhões
de prótons, apresentando um rendimento de pares matéria-antimatéria inédito.
Cada próton carrega uma energia
cinética 440 vezes maior que sua energia de repouso. Devido a este grande
momento, quando o próton choca-se contra um átomo, ele tem energia suficiente
para liberar seus constituintes internos, os quarks e glúons, que depois se
recombinam para produzir um chuveiro de partículas que, em última análise,
decai em elétrons e pósitrons. Devido aos efeitos em cascata, um único próton
pode gerar muitos elétrons e pósitrons, tornando esse processo de produção de
plasma em pares extremamente eficiente.
Em outras palavras, o feixe
gerado pelo acelerador síncrotron gera partículas suficientes para começar a se
comportar como um verdadeiro plasma astrofísico. A equipe também desenvolveu
técnicas para modificar a emissão dos feixes de pares elétron-pósitron,
tornando possível realizar estudos controlados de interações de plasma em
análogos de sistemas astrofísicos.
"Isto abre uma fronteira
inteiramente nova na astrofísica laboratorial, tornando possível sondar
experimentalmente a microfísica de explosões de raios gama ou jatos
blazar," disse Arrowsmith.
"Os telescópios terrestres e
espaciais não são capazes de ver os menores detalhes desses objetos distantes,
e até agora só podíamos confiar em simulações numéricas. Nosso trabalho de
laboratório nos permitirá testar essas previsões obtidas a partir de cálculos
muito sofisticados e validar como as bolas de fogo cósmicas são afetadas pelo
tênue plasma interestelar," complementou Gianluca Gregori, membro da
equipe.
Fonte: Inovação Tecnológica
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!