Telescópio terrestre iguala Hubble em qualidade das imagens
A imagem do planeta Netuno da esquerda foi obtida pelo
telescópio terrestre VLT. A imagem da direita é uma imagem semelhante obtida
pelo Hubble. Note que as duas imagens não foram capturadas no mesmo momento e
nem da mesma posição, por isso as estruturas na superfície do planeta não são
iguais.[Imagem: ESO/P. Weilbacher (AIP)/NASA/ESA/M.H. Wong/J. Tollefson]
Telescópio com qualidade espacial
O VLT, um dos maiores telescópios do mundo, instalado no
Chile, estreou seu novo sistema de óptica adaptativa com um feito histórico:
atingindo uma qualidade das imagens similar - superior em alguns detalhes - à
do telescópio espacial Hubble.
Os telescópios espaciais são muito mais caros e não podem
ser consertados - o Hubble até que podia, enquanto existiam os ônibus espaciais
- mas têm a grande vantagem de sofrerem a interferência da atmosfera terrestre,
o que gera imagens tipicamente mais nítidas.
Mas a tecnologia da óptica adaptativa está permitindo tirar
essa diferença ao corrigir a turbulência da atmosfera.
O instrumento MUSE, instalado no VLT, passou a utilizar um
sistema inédito de correção, chamado Tomografia Laser, usa quatro raios laser
para criar "estrelas artificiais", que servem como referência para
anular as variações da atmosfera momento a momento.
A estreia, em grande estilo, obteve imagens extremamente
nítidas do planeta Netuno, de enxames estelares e outros objetos celestes mais
distantes, comprovando que as melhorias incrementais podem permitir que os
telescópios terrestres andem sempre nos calcanhares dos telescópios espaciais.
Além disso, como o MUSE é um espectrógrafo (MUSE: Multi Unit Spectroscopic
Explorer), a atualização permitirá estudar as propriedades dos corpos celestes
com muito mais detalhe do que era possível até agora.
Limite teórico de nitidez de imagem
A nova unidade de óptica adaptativa, chamada GALACSI, deu ao
telescópio um "modo de campo estreito", que corrige a turbulência
atmosférica acima do telescópio em todas as altitudes, dando assim origem a
imagens muito mais nítidas, embora de uma região menor do céu do que já se
obtinha com o "modo de campo largo", que corrige os efeitos da
turbulência atmosférica até 1 km acima do telescópio.
Com esta nova capacidade, o telescópio terrestre de 8 metros
atinge o limite teórico de nitidez de imagem, não estando assim limitado à
distorção atmosférica, obtendo imagens comparáveis, em termos de nitidez, às
que são obtidas com o Telescópio Espacial Hubble.
Mas não pense que isso representa o fim dos telescópios em
órbita: novas tecnologias de espelhos flexíveis para telescópios espaciais
prometem fazer com que os observatórios orbitais abram vantagem novamente nos
próximos anos.
Estas imagens do planeta Netuno
foram obtidas durante os testes de óptica adaptativa em modo de campo estreito.
A imagem da direita foi capturada sem o sistema de óptica adaptativa, e a da
esquerda foi obtida após o sistema ser ligado. [Imagem: ESO/P. Weilbacher
(AIP)]
Óptica adaptativa
A óptica adaptativa é uma técnica
que compensa os efeitos de distorção da atmosfera terrestre, a mesma
turbulência que faz as estrelas cintilarem quando observadas a olho nu. A luz
das estrelas e galáxias fica distorcida ao passar através da camada protetora
da nossa atmosfera.
Para melhorar de forma artificial
a qualidade destas imagens, quatro raios laser foram fixados ao telescópio
principal do VLT, projetando no céu uma forte luz alaranjada de 30 cm de
diâmetro, que energiza os átomos de sódio que se encontram na atmosfera
superior.
É assim que são criadas as
estrelas artificiais, cuja luz é usada pelo sistema para determinar a
turbulência existente na atmosfera e calcular as correções necessárias, mil
vezes por segundo, que são fornecidas ao espelho secundário fino e deformável
do telescópio, o qual altera constantemente a sua forma, corrigindo assim estes
efeitos de distorção da luz.
Fonte: Inovação Tecnológica
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