Essas estrelas parecem estar viajando entre galáxias
Uma equipe de astrônomos
encontrou estrelas viajando em alta velocidade para dentro da Via Láctea, o que
sugere que vieram de outra galáxia. A surpresa ocorreu enquanto os
pesquisadores analisavam o mais recente conjunto de dados da sonda Gaia, da
ESA, a agência espacial europeia. Os cientistas procuravam por estrelas de alta
velocidade sendo expulsas da Via Láctea, mas encontraram justamente o
contrário: objetos ultrarrápidos voando em direção ao seu centro.
Estrelas
hipervelozes
Estrelas voam por nossa
galáxia a centenas de quilômetros por segundo. Seus movimentos contêm uma
riqueza de informações sobre a história da Via Láctea. A classe mais rápida dessas estrelas é chamada
de estrelas de hipervelocidade. Elas supostamente iniciam sua vida perto do
centro galáctico e, mais tarde, por meio de interações com o buraco negro nesse
centro, são lançadas em direção à borda da galáxia.
Apenas um pequeno número de
estrelas de hipervelocidade foi descoberto até hoje. O novo conjunto de dados
de Gaia oferecia, assim, uma oportunidade única de procurar por mais delas. Dos sete milhões de estrelas que Gaia mediu a
velocidade total em 3D, encontramos vinte que poderiam estar viajando rápido o
suficiente para eventualmente escapar da Via Láctea”, afirmou Elena Maria
Rossi, uma das autoras do novo estudo, da Universidade de Leiden, na Holanda,
ao portal Science Daily.
O
inesperado
No entanto, a equipe se
deparou com algo totalmente inesperado: em vez de voar para longe do centro
galáctico, a maioria das estrelas de alta velocidade que observaram parecia
estar correndo em direção a ele. Estas
podem ser estrelas de outra galáxia, passando pela Via Láctea”, sugeriu outro
autor do estudo, Tommaso Marchetti.
É possível que esses intrusos
intergalácticos venham da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia relativamente
pequena que orbita a Via Láctea, ou podem se originar de uma galáxia ainda mais
distante. Se for esse o caso, as
estrelas carregam a marca do seu local de origem, e estudá-las a distâncias
muito mais próximas que sua galáxia-mãe poderia fornecer informações sem
precedentes para a astronomia.
“As estrelas podem ser
aceleradas a altas velocidades quando interagem com um buraco negro
supermassivo. Assim, a presença dessas estrelas aqui pode ser um sinal de tais
buracos negros em galáxias próximas. As estrelas também podem ter sido parte de
um sistema binário, lançadas para a Via Láctea quando sua estrela companheira
explodiu como uma supernova. De qualquer forma, estudá-las poderia nos dizer
mais sobre esses tipos de processos em galáxias vizinhas”, argumenta Elena.
Alternativas
Uma explicação alternativa é
que as estrelas recentemente identificadas poderiam ser nativas do halo da
nossa própria galáxia, aceleradas e empurradas para dentro através de
interações com uma das galáxias anãs que caíram em direção à Via Láctea durante
seu desenvolvimento. Informações adicionais sobre
a idade e a composição das estrelas poderiam ajudar os astrônomos a esclarecer
sua origem. A equipe pretende usar telescópios terrestres para descobrir mais
sobre elas. Além disso, pelo menos mais dois lançamentos de dados do Gaia estão
planejados para a década de 2020, e cada um fornecerá dados mais precisos sobre
um conjunto maior de estrelas.
“Nós esperamos medições de
velocidade total em 3D para até 150 milhões de estrelas”, esclareceu outro
autor do estudo, Anthony Brown, que trabalha processando dados da sonda. “Isso
ajudará a encontrar centenas ou milhares de estrelas de hipervelocidade,
entender sua origem com muito mais detalhes e usá-las para investigar o
ambiente do centro galáctico, bem como a história da nossa galáxia”.
Um artigo sobre a descoberta
foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: hypescience.com
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