Probabilidade de vida aumenta quando estrelas passageiras espremem binários
Impressão de artista de vida num planeta em órbita de um sistema binário, visível como dois sóis no céu.Crédito: Mark Garlick
Os sistemas planetários
podem, ao início, ser ambientes hostis. Os mundos jovens orbitam sóis em
berçários estelares, aglomerados de estrelas onde os encontros violentos são
comuns. Nada disto facilita a vida, mas agora astrónomos da Universidade de
Sheffield encontraram um resultado positivo deste período tumultuoso. Um modelo
desenvolvido pela estudante Bethany Wootton e por Richard Parker, da Sociedade
Astronómica Real, examina como a zona habitável - a região em torno de uma
estrela onde a temperatura permite a existência de água líquida - muda em torno
de pares de estrelas, os chamados sistemas binários.
Os dois cientistas
descobriram que um encontro com uma terceira estrela passageira pode "apertar"
o binário, expandindo a zona habitável no processo. Os seus resultados foram
publicados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. A zona habitável é uma região do sistema onde
a temperatura nem é demasiado quente nem demasiado fria, que se pensa ser
essencial para o desenvolvimento da vida num planeta. Caso um planeta esteja
fora desta zona, então a formação das moléculas complexas necessárias para a
vida tem uma probabilidade mais baixa de ocorrer.
Pensa-se que cerca de um-terço
dos sistemas estelares na nossa Galáxia sejam compostos por duas ou mais
estrelas, e essa fração é muito mais alta para estrelas jovens. Se essas
estrelas estiverem a uma distância relativamente grande, o tamanho da zona
habitável em torno de cada estrela é liderado pela radiação da estrela
individual. Se as duas estrelas estiverem mais perto uma da outra, o tamanho da
zona habitável aumenta porque cada estrela sente o calor adicional da outra e
isto melhora a probabilidade de um planeta estar localizado no lugar certo para
o desenvolvimento da vida.
Wootton e Parker analisaram
como isto muda nos berçários estelares. Usaram simulações de computador para
modelar as interações entre estrelas jovens nestes enxames, calculando como
estes encontros afetaram os pares binários. Num típico berçário estelar com 350
binários, os dois investigadores descobriram que 20 teriam as suas distâncias
"espremidas", tornando a zona habitável maior. Em alguns casos, as
zonas habitáveis de estrelas separadas por grandes distâncias até se
sobrepunham, aumentando ainda mais a perspetiva de quaisquer planetas em órbita
de uma ou ambas as estrelas estarem no lugar certo para o desenvolvimento da
vida.
Wootton comenta: "A
busca por vida noutras partes do Universo é uma das questões mais fundamentais
da ciência moderna, e precisamos de todas as evidências que pudermos encontrar
para alcançar a resposta. O nosso modelo
sugere que existem mais sistemas binários nos quais os planetas se encontram
nas zonas habitáveis do que pensávamos, melhorando as perspetivas de vida. De
modo que aqueles mundos adorados por escritores de ficção científica - onde
dois sóis brilham nos céus - parecem agora muito prováveis."
Os próximos passos desta
investigação passam por usar mais modelos de computador a fim de entender se os
processos negativos que uma estrela jovem sofre são superados pelos positivos.
Parker e a sua equipa estão atualmente a explorar se o aquecimento interno
dentro da Terra ocorre porque o nosso jovem Sol nasceu perto de uma explosão de
supernova de uma estrela massiva; esta explosão seria catastrófica para a vida
na Terra de hoje, mas pode ter fornecido as condições necessárias para que a
vida se tenha desenvolvido no nosso planeta.
Fonte:
Astronomia OnLine
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