Quando o universo “acordou”?
Uma
nova pesquisa pode ter descoberto em que época o nosso universo finalmente
“despertou”, transformando-se de um ambiente neutro a um ionizado, cheio de
energia em suas galáxias e estrelas.
Transformação
No
novo estudo, os astrônomos identificaram algumas das mais antigas galáxias do
universo: elas estavam totalmente formadas quando ele tinha apenas 680 milhões
de idade. Os pesquisadores descobriram ainda que essas galáxias já estavam
liberando radiação ultravioleta extrema em seus arredores nesse período.
Isso
ajudou a formar bolhas gigantes nas quais gás neutro se tornou energizado e
ionizado, o que ofereceu aos cientistas a primeira evidência de uma época
“transformativa” em nosso universo.
Amanhecer cósmico
A
história do universo é um pouco complicada. Nos seus primeiros dias, tudo era
uniforme: praticamente a mesma densidade média em todos os pontos. Tudo era
também bastante neutro. Nem sempre foi assim, claro.
Nas
primeiras centenas de milhares de anos após o Big Bang, nosso universo era um
plasma quente e denso. Todo esse “caos” terminou quando ele completou 380.000
anos, porém. Neste ponto, as coisas se “espalharam” e as temperaturas baixaram
o suficiente para que os elétrons se combinassem e formassem os primeiros
átomos de hidrogênio e hélio.
Depois
disso, por milhões de anos, o universo retornou e permaneceu naquele mesmo
estado de neutralidade entediante.
Em
algum momento, contudo, o universo se expandiu e esfriou, e “manchas” de gás um
pouco mais densas do que o ambiente ao seu redor começaram a surgir. Esses
locais atraíram material de sua vizinhança para eles, criando as primeiras
estrelas e galáxias em um universo anteriormente mudo e pacífico, o que é
conhecido como “amanhecer cósmico”.
Reionização
Hoje,
a maioria do material com o que nós interagimos é feito de átomos. Mas essa
situação é quase uma “exceção” – a maior parte do universo é plasma, do exato
mesmo jeito que era lá atrás, quando ele nasceu. O sol, outras estrelas,
nebulosas, o ambiente entre as estrelas – é tudo plasma.
Peraí,
o que estamos perdendo, então? Aos 380.000 anos de idade, nosso universo se
transformou de plasma em gás neutro; agora, é quase todo plasma de novo. O que
aconteceu nesse meio tempo?
Segundo
os astrônomos, qualquer coisa que tenha causado essa “reionização” deve ter
acontecido muito cedo na história do universo, uma vez que suas evidências
parecem muito antigas.
De
uma forma geral, os cientistas creem que uma liberação de radiação ultravioleta
gerou as primeiras estrelas, e que a morte desses primeiros objetos fez o
universo retornar a um estado de plasma.
Ainda
assim, não sabem exatamente quando tudo isso teria acontecido. Em outras
palavras, quando o universo “acordou” e formou as primeiras estrelas, e quando
elas reionizaram o ambiente?
Novas evidências
Agora,
os cientistas estão mais perto de entender quando essas coisas aconteceram
graças à descoberta de três galáxias antigas, de 680 milhões de anos, que já
emanavam radiação ultravioleta extrema e liberavam bolhas de plasma ionizado
naquela época.
Ou
seja, tal radiação derivada das galáxias estava transformando o universo ao seu
redor, o que representa a primeira evidência clara da época da reionização em
andamento.
Enquanto
os astrônomos já haviam deduzido que essa reionização teria se acabado quando o
universo completou um bilhão de anos, também não suspeitavam que tivesse
acontecido tão cedo.
Próximos passos
As
galáxias recém-identificadas são excelentes candidatas para observação pelo
Telescópio Espacial James Webb.
Ele
está sendo projetado especificamente para estudar esta era da história cósmica,
de forma que pode encontrar mais exemplos de reionização e ajudar os cientistas
a compreender melhor essa época transformadora do passado do nosso universo.
Um
artigo sobre o estudo foi publicado no arXiv.org.
Fonte: Hypescience.com
[LiveScience]
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